A Unidade 4 de nossos estudos aborda a geografia urbana. Inicialmente, estudaremos a produção do espaço urbano e a segregação urbana. Para acessar esses conteúdos, clique:
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Blog dedicado aos alunos de Estudos Socioeconômicos e Ambientais do curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Tecsoma.
sexta-feira, 31 de agosto de 2018
GEOGRAFIA URBANA
terça-feira, 21 de agosto de 2018
HABITAÇÃO
1. As habitações operárias
Texto 1
O surgimento das cidades ao redor das fábricas a partir da Revolução
Industrial acarretou em um acelerado processo de urbanização devido a
necessidade por moradias por parte do contingente desenfreado de imigrantes operários
vindos do campo. A precariedade das condições habitacionais fez surgir
políticas públicas na tentativa de resolver tais questões, para tanto, foram
criadas as comissões de inquérito, o jornalismo de denúncia e os relatórios
médico-sanitários.
A Revolução Industrial
ocorrida na Inglaterra integra o conjunto das "Revoluções Burguesas"
do século XVIII, responsáveis pela crise do Antigo
Regime, na passagem do capitalismo comercial para o industrial. Os
outros dois movimentos que a acompanham são a Independência
dos Estados Unidos e a Revolução
Francesa, que sob influência dos princípios iluministas assinalam a
transição da Idade Moderna para a Contemporânea.
Em seu sentido mais pragmático, a Revolução Industrial significou a
substituição da ferramenta pela máquina, e contribuiu para consolidar o
capitalismo como modo de produção dominante. Esse momento revolucionário, de
passagem da energia humana para motriz, é o ponto culminante de uma evolução
tecnológica, social, e econômica, que vinha se processando na Europa desde a Baixa Idade
Média.
A substituição das ferramentas pelas máquinas, e do modo de produção
doméstico pelo fabril, bem como a evolução tecnológica e a busca por novas
fontes de energias, fizeram crescer o número de estabelecimentos industriais, e
conseqüentemente, de operários vindos do meio rural para suprir a grande
demanda de mão de obra necessária para a indústria.
O grande contingente de trabalhadores que surgiu fez nascer uma nova
classe social, o proletariado. Para abrigar essa nova classe de trabalhadores,
foi criado um novo modelo de complexo urbano, onde a fábrica era seu núcleo
principal formador, juntamente a um conjunto de estabelecimentos com intenção
de dar aporte aos novos bairros operários, que surgiram para abrigar a grande
demanda dessa mão-de-obra. Nas diferentes cidades européias, os primeiros
bairros possuíam precárias condições para a vida humana, apresentavam grande
densidade, intenso aproveitamento do terreno e ausência de espaços livres e
pátios.
Na primeira metade do século XIX, os problemas da cidade industrial
aparecem de forma grave e intolerável para a classe subalterna. Além da
insalubridade , o congestionamento do tráfego e a “feiúra” passaram a ameaçar
todas as outras classes. “Por isso, tanto os representantes das classes
dominantes, como os representantes das classes subalternas (os radicais e os
socialistas) propõem novas formas de intervenção pública” (BENEVOLO, 2003:
552). A realidade das condições das habitações da classe trabalhadora inglesa
deste período foram expostas por esses intelectuais, primeiramente através da
literatura, como o clássico manifesto A Questão da Habitação de Engels,
publicada em 1845, reproduz a imagem através da escrita., conforme citado na
obra de Benevolo, sobre o centro de Manchester:
[...] as ruas, mesmo as melhores, são estreitas e
tortuosas, as casas sujas, velhas, em ruínas, e o aspecto das ruas laterais é
absolutamente horrível [...]; são os restos da velha Manchester pré-industrial,
cujos antigos habitantes se transferiram com seus descendentes, para bairros
melhor construídos, deixando as casas que se tinham tornado para eles
demasiadamente miseráveis (...); Mas isso ainda não é nada em comparação com as
vielas e os pátios que se desdobram por trás delas, e aos quais se chega
somente por meio de estreitas passagens cobertas através das quais não passam
nem duas pessoas uma ao lado da outra. É difícil imaginar a desordenada mistura
das casas, que troça de toda urbanística racional, o amontoado, pois estão
literalmente encostadas umas as outras, pois onde quer que houvesse um
pedacinho de espaço entre as construções da época precedente, continuou-se a
construir e a remendar, até tirar de entre as casas a última polegada de terra
livre ainda suscetível de ser utilizada (ENGELS, Friedrich. A questão da
habitação. Belo Horizonte: Aldeia Global Livraria e Editora LTDA, 1979 :
565)
A recriação dos princípios de divisão social do trabalho, extrapolam o
ambiente fabril e se materializam no espaço e na arquitetura, utilizando-se
dela como testemunho de um quadro sócio-econômico através da história.
A partir do momento em que as medidas começaram a ser tomadas, as
imagens passaram a ter um cunho de representação da resolução do problema, e
não mais como caráter de denúncia à partir do retrato do real.
As idéias de isolamento e visibilidade, foram aplicadas com sucesso, no
plano urbanístico. Através de operações de saneamento, alargamento e abertura
de ruas e avenidas, renovação e modernização urbana, ou seja, de modo não
explícito, implantou-se a segregação das classes sociais no espaço da cidade.
Os trabalhadores das fábricas foram isolados em conjuntos periféricos. “As
cidades tornaram-se transparentes, física e socialmente: a cada espaço
correspondendo um status – ou posição
social – e a cada status
correspondendo um espaço.
Após a revolução
de 1848, entram em crise tanto os movimentos de esquerda, quanto os
liberais, assumindo o poder de direita. “A burguesia vitoriosa, estabelece o
novo modelo de cidade, no qual os interesses dos vários grupos dominantes,
empresários e proprietários, estão parcialmente coordenados entre si”
(BENEVOLO, 2003: 573). Aparecem várias propostas de projetos de vilas
operárias, cuja prática da construção por empresas de moradias para seus
operários difundiu-se largamente a partir do início do século XIX. Seguindo o
modelo inglês, essa prática se disseminou primeiramente por toda Europa, e mais
tarde em outros países inclusive no Brasil.
Conforme Foucault, “a disciplina é uma forma de organização do espaço”
(FOUCAULT, 1992: XVII), esse conceito se encaixa perfeitamente aos conjuntos de
habitações para operários. Dentro da idéia de que a fábrica concedia ou alugava
habitações aos operários dentro do núcleo fabril, e tinha todo o suporte de
serviços e atividades de entretenimento, para que o funcionário não precisasse
sair do núcleo, está pré-subtendido que este tinha o controle sobre todas as
esferas da vida de seu subordinado.
A implantação desses modelos seguia a premissa do traçado linear,
uniforme. O centro da hierarquia era a fábrica colocada como núcleo principal.
A segunda esfera dessa hierarquia se dava pela localização das casas dos
mestres e contra-mestres, os quais representavam “o conceito do olhar invisível
proposto por Bentham no Panóptico,
segundo o qual é permitido ver tudo, permanentemente sem ser visto” (NORRO,
1997: 54). O modelo da “vila operária” passa a ter um rigoroso regime de
ordenação, de acordo com Reis:
A percepção de ordem na composição da forma arquitetônica, que implica
percepção de unidade de uma estrutura na organização dos elementos
compositivos, provoca uma reação satisfatória ao estímulo e é condição para uma
percepção aproximada da forma. No processo de percepção visual, o olho
seleciona e combina elementos, procura formas mais simples e tenta integrar
vários elementos do campo visual em unidades reduzidas (WEBER, 2002: 17).
O conjunto habitações para operários, fábrica e infraestrutura e
serviços, são elementos formadores de uma malha urbana. As vilas operárias
tinham um sistema quase autônomo, tudo que se precisasse tinha ali, as empresas
promoviam atividades de diversão e entretenimentos nos poucos momentos que os
funcionários tinham de folga. Estes organismos passaram a ser “cidades dentro
das cidades”.
Texto 2
WIKIPÉDIA. Cidade
Operária. Obtido em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cidade_oper%C3%A1ria.
Acesso em: 22/08/2016. (Texto modificado)
Uma company town (numa tradução livre para o
português: cidade operária, cidade corporativa ou vila
operária) é uma localidade onde, em sua totalidade ou parcialmente, todas
as habitações e espaços comuns são de propriedade de uma empresa, que é a única
entidade patronal. A empresa fornece infraestrutura (habitação, igrejas,
escolas, hospitais, lojas, transporte, esgoto e água) para permitir que os
trabalhadores residam em um local relativamente salubre e próximo ao seu
canteiro de obras ou local de trabalho.
Tipicamente, as company town são fundadas em áreas
distantes de centros urbanos, para que seus moradores sejam a ela fidelizados e
não encontrem facilidade em comutar ou comprar outra propriedade. Às vezes,
depois de um período de tempo, a vila atrai moradores que inicialmente não
estavam ligados ao empreendimento (famílias e pequenos empresários), além de
pessoal com outras ocupações (tais como funcionários públicos de correios,
estrada de ferro, etc.).
Alguns capitalistas industriais adotaram uma política
"paternalista" em relação à sua força de trabalho. Seria, assim, uma
forma de "assumir a responsabilidade" sobre cada momento da vida do
trabalhador, para garantir seu bem-estar, mas também para melhor controlá-lo. Esses padrões são marcados pelas
teorias de Saint-Simon (1760-1825), que defendia uma atitude esclarecida das novas elites
capitalistas. A ideia de Saint-Simon era estabelecer um "novo
cristianismo", cujos fundamentos são a ciência e a indústria, e a maior
meta de produção possível. Em um campo ideológico completamente
diferente, Charles Fourier (1772-1837), um dos precursores do socialismo, propõe em seu livro "Teoria da Unidade Universal", o falanstério: uma organização de trabalhadores que vivem e trabalham numa
cooperativa. Outros movimentos também inspiraram o desenvolvimento destas
cidades, movimentos tão diversos como o catolicismo social e o higienismo[1] , promovidas principalmente por Adolphe Burggraeve e Frédéric
Japy.
O paternalismo, uma forma sutil de engenharia social, refere-se ao controle exercido pelos patões sobre os trabalhadores, ao
forçar os ideais da classe média sobre o operariado. O paternalismo foi considerado por muitos
empresários do século XIX como uma responsabilidade moral, ou muitas vezes uma
obrigação religiosa, que permitiria o avanço da sociedade enquanto prossecução
dos seus próprios interesses capitalistas. Assim, a company town ofereceu uma oportunidade única
para alcançar tais fins.
Embora existam exemplos de cidades corporativas a retratar seus
fundadores como "capitalistas com consciência social", por exemplo,
os moradores de Bournville, cidade construída por George Cadbury, enxergam que a construção
daquela localidade foi, de maneira cínica, um estratagema economicamente viável
para atrair e reter trabalhadores. Além disso, com fins lucrativos, o comércio
da localidade era totalmente controlado pela empresa (Confeitos
Cadbury), o que tornava
inevitável a dependência do operariado, visto que se encontrava
geograficamente isolado, resultando assim em um monopólio para os
proprietários.
A primeira vila operária do Brasil foi elaborado pelo fundador da Companhia Empório Industrial do Norte, Luís Tarquínio, na década de 1890 na cidade de Salvador.
Outros exemplos notórios no Brasil são o distrito de Fordlândia, projeto do industrial estadunidense Henry Ford, construído na década de 1930 ; e a cidade de Tucumã, construída pelo conglomerado industrial Andrade Gutierrez na década de 1980, ambas na Amazônia paraense.
Texto 3
VIANNA,
Mônica Peixoto. Habitação e modos de vida em vilas operárias. Monografia. São
Paulo : USP. Obtido em http://www.nomads.usp.br/disciplinas/SAP5846/mono_Monica.pdf.
Acesso em: 22/08/2016. (Texto modificado)
O objetivo principal desta monografia foi mostrar através das
transformações ocorridas a partir da Revolução Industrial, o desenvolvimento da
habitação operária na cidade de São Paulo. Entende-se que a história das
cidades só foi significativa com o conhecimento da história da moradia
operária.
Assim, ao longo do texto, descreveu-se o panorama da primeira fase da
industrialização paulistana, no qual a concentração de grandes massas de
trabalhadores se fez presente, bem como sua carência por habitações. Através do
relato de experiências preventivas que tentavam solucionar esse problema,
percebeu-se claramente a influência exercida pelos países europeus, tanto nas
construções operárias, como também nas atitudes de alguns industriais.
A idéia de habitações bem construídas, higiênicas e econômicas, se
fazia presente não só como padrão de moradia, mas principalmente como forma de
moralização e controle do operariado. Essa forma paternalista de controle
através das vilas, sob razões “pretensamente” sanitaristas, e com uma clara
divisão social do espaço urbano, privilegiava somente as classes dominantes.
As idéias filantrópicas e humanizantes dos utopistas ingleses tiveram
rebatimento no projeto da vila Maria Zélia de Jorge Street, que, como pôde ser
visto, guardava muitas semelhanças com a experiência precursora da vila de
Saltaire de Titus Salt. Ambas foram grandes complexos, nos quais, além da vila
propriamente dita, encontravam-se inúmeros equipamentos comunitários, como
escolas, creches, hospitais, igrejas, etc., que ajudavam a reforçar o caráter de
núcleo fechado desses espaços, afastados das grandes cidades, vistas como lócus,
por excelência, da temida questão social.
Em relação à opção por casas unifamiliares, geminadas e no alinhamento
dos lotes, estreitos e alongados, permitindo uma maior ocupação do interior da
quadra, sabe-se que teve suas origens na Inglaterra, como também em algumas
cidades industriais alemãs, francesas e dos Países Baixos. Sempre seguindo o
modelo de habitação burguês, bem como seus hábitos, vestimentas, alimentação,
etc.
Com o tempo, novas influências foram sentidas na produção da habitação
operária, como analisado no projeto da CESP para a vila dos operadores de
Bariri. Apesar de manter várias das características apresentadas anteriormente,
esse núcleo de empresa já fazia parte de outro contexto, no qual não havia mais
a necessidade da construção de equipamentos comunitários, permitindo-se assim
uma relação mais estreita com a cidade em que se inseria, apesar de seu caráter
ainda fechado e controlado.
O plano desse núcleo revelou uma nítida inspiração no modelo
cidade-jardim, junto com uma separação funcional, evidenciando também, forte
influência do urbanismo do C.I.A.M., em termos da proposta, da metodologia do
projeto e do discurso justificativo das alternativas adotadas. A opção por
casas unifamiliares econômicas, confortáveis, higiênicas e protegidas dos
estranhos, pensadas como lugar de repouso e vida familiar, ainda se fazia
presente, bem como a utilização do recurso da dispersão e neutralização das
ruas.
Conclui-se, portanto, que as vilas operárias e, sobretudo, os núcleos
fabris construídos por industriais, representaram o momento em que o projeto de
reordenamento das cidades, capaz de converter em espaço normalizado, os lares,
o espaço de produção, de consumo e de lazer - organizado e controlado pelas
classes dominantes - esteve mais próximo de se concretizar. Essa experiência
iniciada no passado nunca se interrompeu, as casas foram sendo sucessivamente
oferecidas por empresas nacionais, particulares ou estatais, e também por
multinacionais que se instalaram no Brasil, adaptando-se sempre aos interesses
delas, mas principalmente, do mercado.
2. A cidade ideal
Existem
várias características que podem delinear o que seria uma cidade ideal, aquela
que muitos sonham para viver: a cidade dos sonhos. Mas será que existe a cidade
dos sonhos?
Texto
4
EXAME.COM – Qual é a cidade ideal para você? Obtido em: http://exame.abril.com.br/estilo-de-vida/noticias/qual-e-a-cidade-ideal-para-voce.
Acesso em: 22/08/2016. (Texto modificado)
Qual é a cidade ideal para
você? De acordo com o estrelado urbanista dinamarquês Jan Gehl, papa em
planejamento urbano, é aquela com uma escala mais humana – definida por praças,
calçadas generosas e ruas fechadas nas quais as pessoas andem a pé
despreocupadamente e descubram detalhes da arquitetura, das texturas, das
cores, dos aromas, dos sons, das pessoas... da vida no lugar.
O prazer de percorrer a urbe evoca a
sensação de pertencimento e, por tabela, de civilidade. Essa experiência foi
simplesmente desaparecendo em meio a construções monumentais e avenidas tomadas
por carros, sobretudo a partir dos anos 60, quando os princípios modernistas
passaram a nortear a expansão das cidades. Batizado por Jan de Síndrome de
Brasília, em alusão às proporções espantosas da capital federal, esse jeito de
pensar as metrópoles gerou distorções, hoje no alvo do dinamarquês.
Pesquisador da Royal Danish Academy
of Fine Arts, em Copenhague, ele é um crítico feroz dos automóveis e dos
edifícios gigantescos, que, em sua opinião, relegaram as pessoas a segundo
plano.
Com seu currículo formidável (liderou
a transformação de sua cidade natal e participou da reconstrução de Nova York,
Melbourne e Estocolmo), tem autoridade de sobra para sentenciar: metrópoles
mais saudáveis, seguras e sustentáveis são resultado natural do respeito ao desejo
coletivo. “No mundo inteiro, o corpo, os sentidos, as habilidades e o
comportamento humano devem ser o ponto de partida para a arquitetura e o
planejamento urbano, que emolduram nossa vida.”
Passar uma cidade a limpo exige
vontade e coragem políticas. Com uma população de 8 milhões de habitantes, Nova
York é um dos exemplos mais emblemáticos disso. O prefeito, Michael Bloomberg,
e seu PlaNYC, implementado em 2007, tornaram-se modelo de gestão sensível a
aspectos humanos.
De quebra, Nova York agora ostenta o
título de cidade mais verde do planeta. A ampliação de espaços públicos e o
estímulo à substituição do carro pela bicicleta estão no receituário do
político. Para abrir caminho aos pedestres, ele não hesitou nem em fechar o
cruzamento mais nervoso da cidade, a Times Square, aos carros.
De tão certeiras, essa e outras
intervenções urbanísticas (confira os exemplos abaixo) acabam pulverizando
reações negativas dos habitantes. Isso não causa grande surpresa, pois novas
ideias realmente levam tempo para emplacar. “As resistências sempre esmorecem
quando se vê que a cidade está mais agradável”, explica Jan Gehl, convidado por
Bloomberg para participar do PlaNYC.
Surfando na onda de renovação, os nova-iorquinos
aproveitam cada vez mais o bom design a seu serviço. À primeira vista, o efeito
são ruas e praças lotadas, com os moradores e seus cachorros a pé, de bike...
curtindo a vida, convivendo.
O sopro de reurbanização passou
também por inúmeras cidades europeias. Barcelona, Paris e Londres, por exemplo,
provam que, quando não é tratada com frivolidade, a arquitetura tem o poder de
infuenciar o mundo, de certa forma reinventar a realidade, o jeito como vivemos
e até mudar comportamentos. “Primeiro formamos as cidades, depois elas nos
formam”, avalia o urbanista dinamarquês. A dialética está lançada.
Copenhague
Eis uma cidade que está sempre se
reinventando. Hoje, movidos por um sentimento ecológico, os dinamarqueses
apoiam em peso a revitalização dos espaços públicos. Mas, em 1962, quando o
plano de mudança previu transformar uma importante avenida comercial, a Stroget,
num extenso calçadão, os comerciantes reagiram. Não acreditavam que um lugar
gelado boa parte do ano pudesse atrair visitantes a pé. Erraram feio.
Um ano depois, comemoravam o sucesso
da empreitada com o triplo das vendas. “O ponto de partida foi o interesse na
qualidade da cidade para as pessoas”, revela o urbanista Jan Gehl. Há 50 anos
os habitantes da capital dinamarquesa veem as bicicletas tomando o lugar dos
carros em suas ruas. Até 2015, a perspectiva é que metade das viagens na cidade
serão feitas de bike.
Londres
A capital britânica sempre contou com
uma malha de transporte público efciente. Mesmo assim, o número crescente de
carros chegou a ameaçar a paz do trânsito. Nem as campanhas a favor do uso de
ônibus e metrô deram certo. Para dar cabo do problema, o governo criou um
pedágio. Desde 2003, os motoristas pagam 8 libras por dia para circular pelo
centro expandido da cidade (de 45 km²), controlado por câmeras.
Moradores têm desconto de 90%. Mais
de 110,5 milhões de libras dessa receita foram investidos na melhoria do
transporte público. A partir de 2020, veículos poluentes não serão mais
permitidos na região. Calçadas, profusão de árvores plantada e um boom de cafés
fizeram de Melbourne o paraíso dos pedestres. Ali, a circulação a pé aumentou
39% durante o dia e dobrou à noite
Melbourne
Antes caracterizada pela baixa densidade e alta dependência do automóvel, a superurbana cidade australiana passou por uma transformação e tanto desde o início dos 90 até 2004. Sob o comando do urbanista Jan Gehl, ganhou mais árvores, jardins, restrições à circulação de carros e outras melhorias nos espaços públicos da área central. Tais medidas atraíram estudantes universitários e impulsionaram a expansão da região em 62%.
Melbourne
Antes caracterizada pela baixa densidade e alta dependência do automóvel, a superurbana cidade australiana passou por uma transformação e tanto desde o início dos 90 até 2004. Sob o comando do urbanista Jan Gehl, ganhou mais árvores, jardins, restrições à circulação de carros e outras melhorias nos espaços públicos da área central. Tais medidas atraíram estudantes universitários e impulsionaram a expansão da região em 62%.
Hoje, Melbourne convida a deliciosas
caminhadas e passeios de bonde por percursos arborizados. Suas ruas planas
fizeram das bikes um sistema de transporte popular. Calçadas, profusão de
árvores plantadas e um boom de cafés fizeram de Melbourne o paraíso dos
pedestres. Ali, a circulação a pé aumentou 39% durante o dia e dobrou à noite.
Nova York
Uma série de iniciativas para
reinventar a cidade está em curso desde 2007. Trata-se de uma empreitada e
tanto, já que Nova York tem 8 milhões de habitantes.
O High Line Park, criado sobre uma
ferrovia suspensa de Manhattan; a transformação do Meatpacking District (antiga
área de açougues e abatedouros) num dos pontos mais charmosos da ilha; o
fechamento do cruzamento frenético da Times Square; a surpreendente
revitalização do Brooklyn, agora lugar dos moderninhos hipsters nova-iorquinos;
e espaços públicos tomados de mesas e cadeiras são apenas algumas delas.
Em dois anos, Nova York construiu
mais ciclovias do que Copenhague em meio século e fechou várias faixas de
tráfego para praças. Hoje os moradores contam com vários oásis na paisagem
urbana.
O que as
cidades brasileiras podem depreender desse movimento?
Como muitas outras, nossas principais
metrópoles apresentam sinais claros de esgotamento no trânsito, sem capacidade
para absorver mais automóveis. Por ano, o Brasil e o mundo perdem bilhões com o
desperdício de combustível e tempo nos engarrafamentos. Embora muita gente não
se disponha a abandonar o conforto do carro, a melhor saída, acredite, é não
esperar pelo caos.
“O globo inteiro ainda colhe as mazelas
do pós-guerra e do boom da sociedade de consumo, que fincou um de seus
alicerces na indústria automobilística”, lembra a arquiteta Anna Dietzsch, que
comanda o braço brasileiro do escritório americano Davis Brody Bond. “Nossas
cidades foram preparadas para o carro, em detrimento da qualidade ambiental e
social.” Por não contar com um sistema de transporte público forte, os países
em desenvolvimento foram especialmente afetados pelo problema.
Mas os modelos estrangeiros de
infraestrutura e gestão não podem ser copiados por aqui, segundo Anna, sem um
bom filtro de brasileirismo, sem envolver a população nem considerar a cultura.
De olho nesse caminho, os psicanalistas Jorge Broide e Emília Estivalet Broide
desenvolveram um trabalho de escuta territorial para balizar algumas
intervenções urbanas.
“Ouvindo as pessoas, podemos
descobrir os impactos das transformações e entender os desejos e projetos de
vida aderidos a esse território”, fala Jorge, professor de psicologia da
PUC-SP. Desnecessário dizer que exercer a cidadania sempre ajuda nesse
processo. Para a arquiteta Renata Semin, apenas gente ativa e consciente pode
pleitear melhorias, oferecer sua competência e compartilhar o bem público.
Tópicos: Arquitetura, Cidades, Design
Obtido em: http://exame.abril.com.br/estilo-de-vida/noticias/qual-e-a-cidade-ideal-para-voce.
Acesso em: 22/08/2016.
quinta-feira, 16 de agosto de 2018
DENSIDADES POPULACIONAIS - PARTE 2
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quarta-feira, 15 de agosto de 2018
A CIDADE VISTA POR DENTRO
Nós já sabemos que a
cidade capitalista é uma entidade socioespacial muito complexa. No entanto, nós
precisamos compreender como a cidade está estruturada internamente, ou seja,
para entender a cidade é preciso conhece-la por dentro, saber como ela se
estrutura.
Desse modo, para
entendermos detalhadamente a cidade, é necessário “nos debruçarmos sobre aquilo
que se chama de a organização interna da cidade, a qual é a chave para
chegarmos aos processos sociais que animam o núcleo urbano e que estão
envolvidos na dinâmica da produção do espaço, e que é, ao mesmo tempo, uma
chave privilegiada para observarmos e decifrarmos a sua complexidade enquanto
produto social” (SOUZA, 2003, p. 63).
Mas, o que seria essa organização interna da cidade?
Veja, qualquer cidade
possui diferentes tipos de espaços, de lugares, onde as pessoas vivem,
trabalham, realizam seus negócios, fazem suas compras, residem, divertem-se.
Assim, existem áreas no interior da cidade onde predomina claramente um determinado
tipo de atividade. No interior da cidade vamos encontrar áreas designadas para
determinadas atividades, o que chamamos de zoneamento urbano, ou seja, a
cidade é organizada pensando nas necessidades de uso dos seus habitantes.
A indústria, por exemplo,
toda cidade possui uma área destinada a instalação de fábricas e outras
atividades complementares, que estão intimamente vinculadas às atividades
industriais. Comumente, designamos esses espaços de distritos industriais.
Um exemplo interessante
é a indústria de montagem, como a automobilística, na zona do ABC, em São
Paulo. Essa indústria atrai para suas proximidades numerosas outras indústrias
de peças e componentes, como também, outros serviços que complementem a
atividade industrial.
Em outros espaços da
cidade, encontramos o comércio e os serviços. Esses espaços são denominados
pelos estudiosos sobre a questão urbana de localidades centrais intraurbanas.
Essa denominação refere-se a determinados lugares da cidade que possuem, no seu
conjunto, uma localidade dotada de maior ou menor centralidade em comparação
com outras localidades da cidade. Nossa existência no tempo nos é determinada,
mas temos ampla liberdade de escolha de nossa localização. Esta é influenciada,
embora não de todo, pelo nosso lugar de origem. Encontrar a localização correta
é essencial para uma vida de sucesso, também para um empreendimento de sucesso
e para um assentamento duradouro - em suma, para a sobrevivência do grupo.
Adicionalmente, uma localização adequada tem que ser a localização dos
acontecimentos certos. No espaço intraurbano vamos encontrar, às vezes, muitas
áreas que apresentam uma forte mistura de usos
do solo urbano, ou seja, uma localidade que é utilizada pela população como
espaço de moradia, trabalho, serviços e lazer (SOUZA, 2003).
Toda cidade possui um
centro. Observamos, no decorrer da história, que os centros das cidades têm
recebido diversas adjetivações: centro
tradicional, centro de negócios,
centro histórico, centro de mercado, centro principal ou simplesmente centro. O centro corresponde,
quase sempre, à área onde a cidade foi fundada e que abriga prédios, casarões,
igrejas, praças, monumentos antigos, ou seja, uma área onde se concentram
conjuntos arquitetônicos de grande valor histórico. Em um primeiro momento, foi
nessa área, a que denominamos centro, onde se desenvolvia a vida da cidade,
onde a população residia e estabelecia relações de vizinhança, participava da
vida política da cidade, onde os negócios eram realizados, ou seja, onde a vida
acontecia.
A noção de centro
urbano, como localização ótima para onde convergem os trajetos, as atividades
econômicas, o emprego, o abastecimento ou as ações particulares, definindo-o,
historicamente, como o lugar das trocas comerciais, conduz ao conceito de centro de mercado.
Quando agregamos ao
centro de mercado outras atividades urbanas, como a religiosa, a de lazer, a
política, a cultural, as atividades financeiras e as de comando, podemos
conceituá-lo de Centro de Negócios
(Central Business District – CBD) (VARGAS & CASTILHO, 2006). Esta visão
funcional do centro, atrelada à espacialização hierárquica das atividades
urbanas, dá origem aos conceitos de centros principais, subcentros, centros
regionais, centros locais, definidos pelos tipos de atividades oferecidas e
pelos seus raios de influência (VARGAS, 1985).
No entanto, quando a
expansão das áreas urbanas se intensifica de modo espontâneo ou planejado, esta
noção de Centro começa a enfraquecer-se, resultado do surgimento de novos
subcentros de comércio e serviços, que passam a concorrer com o Centro
Principal.
Podemos dizer, que na cidade capitalista, este processo foi,
sem dúvida nenhuma, um dos fatores que mais contribuíram para a aceleração do
processo de decadência e desvalorização dos centros urbanos. É preciso ter
claro, contudo, que esse quadro varia muito de acordo com o porte da cidade.
Uma cidade pequena, às vezes até uma cidade média, pode não conhecer a expansão
do seu centro, ficando as suas atividades limitadas ao centro antigo (SOUZA,
2003). Vários são os fatores que influenciam no desenvolvimento ou não do seu
centro como:
– o tamanho da cidade,
– sua inserção na rede
urbana regional,
– o tamanho da sua
população,
– a renda da população
e a distribuição dessa renda,
–
suas atividades econômicas e serviços que oferece.
Regina Celly Nogueira da Silva e Celênia de
Souto Macêdo. Pensando a cidade e o
urbano. Programa Universidade a Distância. UFRN/UFPB, 2009.
DENSIDADES POPULACIONAIS - Parte 1
Na aula de 14 de agosto tratamos, entre outros assuntos, das questões relativas à população brasileira. Acesse esse conteúdo, clicando em Densidades Populacionais - Parte 1.
terça-feira, 14 de agosto de 2018
CONCEITOS IMPORTANTES DA GEOGRAFIA
Na área do urbanismo, existem conceitos geográficos muito importantes, relativos ao espaço. Para acessar o conteúdo, clique AQUI.
quinta-feira, 9 de agosto de 2018
Urbanização e Meio Ambiente – Parte 2
2.
Elementos constitutivos da base urbana
Elementos
do meio natural:
topografia, nascentes, rios, vegetação, regime de ventos.
Elementos
do meio antrópico (também chamado de espaço geográfico):
vias urbanas, casas, prédios, pontes, aterros, muros, arborização artificial,
redes de água e de energia, poços de abastecimento de água etc.
Os elementos do meio antrópico não devem se sobrepor aos do
meio natural, mas harmonizar-se com eles e serem sustentáveis.
A técnica quando empregada em detrimento do meio natural deve
garantir a melhoria da qualidade de vida.
Grande parte
dos problemas urbanos vem da falta de equilíbrio entre o meio antrópico e o
meio natural.
3. A
Gestão da Cidade
Para se alcançar os objetivos essenciais da política urbana
estabelecidos pela Constituição Federal, que são “ordenar o pleno
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar dos seus
habitantes”, faz-se necessário uma gestão municipal democrática.
Várias leis brasileiras determinam que a gestão das cidades
deve ocorrer com transparência e participação popular e seguindo o método do
planejamento estratégico.
Pense nestas
questões:
- Quem
gerencia a cidade?
- Como são
mediados os conflitos?
- Como os
conflitos podem ser minimizados?
- Existe uma
cidade ideal? Como seria ela? Como seriam harmonizados os conflitos no espaço
urbano e do uso dos recursos?
- Considere
os poderes políticos x poderes econômicos x poderes sociais: quem dita as
regras do jogo na cidade?
Texto complementar
Gestão Democrática das Cidades
As políticas de desenvolvimento
urbano, de usos e ocupações dos espaços das cidades, de asseguramento do acesso
à moradia digna, de saneamento, de transporte e mobilidade urbana, que compõem
o chamado direito difuso a cidades sustentáveis e socialmente justas, devem ser
formuladas e geridas de maneira planejada e participativa.
Afinal, o Brasil é uma República
Democrática fundamentada na cidadania (artigo 1º, II, da Constituição).
Ademais, o artigo 48, parágrafo
único, da Lei Complementar n. 101, de 04 de maio de 2000 (Lei de
Responsabilidade Fiscal), os artigos 2°, IV, 4º, I, II e III, f; 40,
I, II e III e 44 da Lei 10.257/2001 (Estatuto das Cidades), o artigo 19 da Lei
11.445/2007 (Lei de Diretrizes da Política Nacional de Saneamento), e o artigo
21 da Lei 12.587/2012 (Lei de Diretrizes da Política Nacional de Mobilidade
Urbana) determinam que a gestão das cidades deve ocorrer com transparência e
participação popular e seguindo o método do planejamento estratégico.
Portanto, audiências públicas,
debates com a participação da população e de associações representativas dos
vários segmentos da comunidade, publicidade e acessibilidade a qualquer
interessado dos documentos e informações produzidos são requisitos essenciais à
validade e a legitimidade do processo de construção e implementação das
políticas públicas relacionadas ao direito à cidade (moradia; transporte e
mobilidade urbana; parcelamento, uso e ocupação do solo; saneamento;
desenvolvimento urbano).
Democratizar a democracia por
meio da participação significa intensificar e melhorar a qualidade das
participações dos cidadãos e dos diversos setores da comunidade nos processos
de tomadas de decisão coletiva.
A criação e o fortalecimento de
espaços públicos de participação é essencial para o combate à corrupção, ao
clientelismo na gestão da coisa pública, bem como para se promover a redução
das desigualdades, a inclusão social e para a tão necessária construção de um
sentido de pertencimento.
É nessa linha que se defende a
retomada do planejamento do desenvolvimento urbano e a gestão democrática das
cidades.
Conselhos de participação e
controle social, audiências públicas, transparências são essenciais para se
definir objetivos, metas de longo, médio e curto prazo, os meios, os recursos
financeiros, técnicos, tecnológicos, humanos e materiais, e os modos de
atuação, aliando o saber técnico com o saber popular, fruto da vivência que a
população tem dos problemas da cidade e a sua capacidade de apontar soluções. É
isso que requalifica os instrumentos do Plano Diretor e dos planos setoriais de
Habitação, de Transporte e Mobilidade, de Saneamento Urbano, como projetos
coletivos, muito mais democráticos, legítimos e com maiores chances de serem
implementados.
A cultura de gestão participativa
da pólis é imprescindível para se conseguir efetivar uma política urbana que
garanta melhores condições de vida da população e que, de fato, promova um
desenvolvimento sustentável, inclusivo, voltado para a redução das
desigualdades sociais.
Superar os inúmeros conflitos
socioespaciais, mormente nas áreas carentes de investimentos públicos e de
urbanização precária, assegurar acessibilidade aos espaços públicos urbanos,
buscar a justa distribuição dos ônus e benefícios do processo de urbanização, o
cumprimento da função social da cidade e da propriedade urbana e a
universalização do direito à moradia digna só são possíveis pelo caminho da
participação.
Texto extraído de:
CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DAS PROMOTORIAS DE JUSTIÇA DE
HABITÇÃO E URBANISMO. Gestão Democrática das Cidades. Obtido em: http://www.urbanismo.mppr.mp.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=10.
Acesso em: 11/08/2016.
Urbanização e Meio Ambiente – Parte 1
1.
Problemas Urbanos
Uma característica marcante do
meio urbano são as transformações que ocorrem em consequência das ações
individuais e coletivas, diárias e rápidas de transformação. As cidades
receberam, nas últimas décadas, intenso fluxo migratório de pessoas vindas do
campo, em busca de emprego e melhores condições de vida. Além das necessidades
econômicas, essa massa populacional tinha, em geral, pouca ou nenhuma
qualificação para o exercício de atividades na zona urbana, baixa escolaridade
e uma cultura rural, que dificultava o enfrentamento dos problemas urbanos.
As pessoas se instalam buscando
satisfazer suas necessidades pessoais e/ou familiares, como o acesso fácil ao trabalho,
educação, saúde, serviços, lazer etc. Sendo assim, aqueles locais que podem
melhor satisfazer essas necessidades são mais valorizados; ocorre, portanto,
que os valores do espaço (imóveis) são distintos em cada ponto da cidade.
Como as pessoas se instalam de
acordo com suas possibilidades econômicas, observa-se no espaço urbano uma
segregação social. As pessoas detentoras de maior poder econômico se instalam
nos bairros com boa infraestrutura urbana, onde os imóveis são caros e de
melhor padrão e há uma boa rede de serviços; as pessoas com menor poder
aquisitivo, a maioria, se instalam em bairros de infraestrutura precária e onde
os imóveis são mais baratos e de baixo padrão; as pessoas com pouco ou nenhum
poder aquisitivo, se instalam onde não há infraestrutura urbana, em ocupações
chamadas de “ilegais”. Nas cidades pequenas é pouco comum encontrar pessoas
ocupando terrenos “ilegais”: encostas íngremes de morros, margens de córregos,
terrenos baldios etc.
Na figura abaixo, temos o traçado
urbano de Paracatu. Você consegue distinguir onde estão os espaços de maior e
menor valor? Por que você os considera assim?
A seguir, vamos descrever os
principais problemas que afetam o meio urbano brasileiro.
1.1.
Mobilidade
As pessoas precisam atingir
determinados pontos da cidade, para satisfazer diversas necessidades: serviços
em geral, educação, saúde, comércio, lazer, trabalho. Consequentemente, os
espaços onde estas necessidades podem ser satisfeitas ficam congestionados de
veículos e de pessoas. Tal fato é agravado pela precariedade do transporte
coletivo e pela obsolescência do traçado urbano, onde as ruas não foram
dimensionadas para suportarem tráfego intenso.
1.2.
Poluição ambiental
No espaço urbano, praticamente
todos os produtos são comercializados e descartados em embalagens. Isto gera
uma produção crescente de resíduos sólidos. Além disso, muitos produtos se
tornam obsoletos em pouco tempo, sendo necessário descartá-los. Isto tudo é
agravado pela falta de educação ambiental. Em consequência, vêem-se ruas sujas,
bueiros entupidos, depósitos de lixo em terrenos baldios etc. Outro aspecto é a
localização de cemitérios dentro (ou às vezes no centro) das áreas urbanas, sem
nenhum planejamento de retenção de efluentes (chorume), contaminando as águas
subterrâneas. Acrescentem-se também os depósitos de resíduos a céu aberto
(lixões), a queima de lixo; a operação de indústrias poluidoras, a queima de
combustível pelos veículos, a poeira etc.
1.3.
Enchentes
As águas pluviais têm três
caminhos a seguir: infiltração, evaporação e escoamento superficial. Como
resultado da impermeabilização do solo pelo asfalto e construções, quase não há
infiltração e a água de chuva escoa superficialmente, muitas vezes carreando
lixo, encontrando bueiros entupidos e vales de rios assoreados, o que resulta
em inundações. Tal situação é agravada por canalizações mal dimensionadas de
córregos, escassez de galerias de águas pluviais e falta de espaços
arborizados.
1.4.
Deslizamentos de encostas
Os deslizamentos
(desmoronamentos) de encostas têm ocorrido com frequência no meio urbano, em
consequência da ocupação dos morros, em locais inapropriados para a construção
de imóveis. A retirada da vegetação e os cortes dos terrenos acentuam a erosão
e tornam os solos frágeis, sujeitos ao deslizamento. Os deslizamentos não só
causam acidentes graves, com perdas de vidas, mas também acentuam o
assoreamento dos fundos dos vales, aumentando assim a possibilidade de
enchentes.
1.5.
Ocupação indevida
As pessoas que têm pouco ou
nenhum recurso ocupam áreas de mais baixo valor, até mesmo recorrendo a
invasões de terrenos baldios, áreas de encostas de morros, áreas periféricas da
zona urbana etc.. Isto leva a um processo de favelização e de intensa
degradação social e ambiental.
1.6.
Precariedade do saneamento urbano
1.7.
Outros
- Ritmo
de crescimento urbano não acompanhado pelo crescimento da infraestrutura;
-
Violência urbana etc.
Textos Complementares
1. Urbanização e Meio Ambiente
O
que é urbanização?
Quando uma área
silvestre ou rural começa aderir características, instalações, infraestrutura e
a fim de tornar-se uma área urbana, denominamos esse processo de URBANIZAÇÃO. É
um processo geralmente lento, pois é necessário fazer ruas, avenidas, redes de
esgoto, rede elétrica e tudo que uma cidade normal tem, ou seja, isso leva
algum tempo. O processo de urbanização acontece por causa de uma grande demanda
populacional e para expandir uma cidade.
Convencionalmente, a
urbanização refere-se à mudança de um grupo extenso de pessoas que estão
deixando a área rural para viver em centros urbanos. Uma cidade, estado, ou
país é tido como urbano quando a maioria das pessoas vive em cidades e a
minoria em campo.
O que é meio ambiente?
O que é meio ambiente?
Pensamos erroneamente
que meio ambiente é somente aquilo quem tem relação com a natureza, plantas,
animais e afins. Na verdade é preciso uma análise profunda sobre o que é de
fato o meio ambiente. O meio ambiente é tudo isso que pensamos, mas é bem mais
complexo que isso, pois é nele que encontramos nossas origens, nossa
identidade, nossa identidade biológica, nossa cultura. Deu pra ter uma ideia de
quão amplo ele é? O meio ambiente é o responsável por gerar os recursos que
precisamos: matéria-prima e energia.
O meio ambiente relacionado ao ecossistema é um conjunto de situações ambientais. O meio ambiente relacionado ao lugar onde vivemos faz associação ao nosso cotidiano. O termo em si serve para indicar um território habitado por seres humanos e outras espécies e toda pesquisa sobre o que é meio ambiente deve sempre considerar todos os significados existentes do termo, pois de fato é muito amplo.
O meio ambiente relacionado ao ecossistema é um conjunto de situações ambientais. O meio ambiente relacionado ao lugar onde vivemos faz associação ao nosso cotidiano. O termo em si serve para indicar um território habitado por seres humanos e outras espécies e toda pesquisa sobre o que é meio ambiente deve sempre considerar todos os significados existentes do termo, pois de fato é muito amplo.
Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO. Obtido em http://www.portaleducacao.com.br/biologia/artigos/48848/urbanizacao-e-meio-ambiente#ixzz4CmprFwFw. Acesso em: 11/08/2016.
2. Deslizamentos
O deslizamento é um fenômeno provocado pelo escorregamento
de materiais sólidos, como solos, rochas, vegetação e/ou material de construção
ao longo de terrenos inclinados, denominados de encostas. Ocorre em áreas de
relevo acidentado, das quais foram retiradas a cobertura vegetal original que é
responsável pela consistência do solo e que impede, através das raízes, o
escoamento das águas. O deslizamento de terra se difere dos processos erosivos
pela quantidade de massa transportada a uma grande velocidade. Esses fenômenos
naturais e/ou antrópicos, causam problemas imediatos para a população,
independente de sua condição social, e também para o meio ambiente.
O Brasil, pelo fato de ter predominância de clima tropical, existem grandes índices pluviométricos no verão, que corresponde ao período chuvoso, com isso as encostas naturalmente são locais de risco ao deslizamentos de terra.
O Brasil, pelo fato de ter predominância de clima tropical, existem grandes índices pluviométricos no verão, que corresponde ao período chuvoso, com isso as encostas naturalmente são locais de risco ao deslizamentos de terra.
É notório que os deslizamentos em encostas e morros urbanos
vêm ocorrendo com uma frequência alarmante nestes últimos anos, devido ao
crescimento desordenado das cidades, com a ocupação de novas áreas de risco,
principalmente pela população mais carente.
Muitas cidades, em sua expansão, avançam para terrenos topograficamente mais inclinados e geologicamente instáveis. É o caso da ocupação de vertentes de morros ou de obras efetuadas em áreas extremamente suscetíveis à intempéries intensas ou solos fragilizados.
A época de ocorrência dos deslizamentos coincide com o período das chuvas, intensas e prolongadas, visto que as águas escoadas e infiltradas vão desestabilizar as encostas. Nos morros, os terrenos são sempre inclinados e, quando a água entra na terra, pode acontecer um deslizamento e destruir as casas que estão em baixo.
Muitas cidades, em sua expansão, avançam para terrenos topograficamente mais inclinados e geologicamente instáveis. É o caso da ocupação de vertentes de morros ou de obras efetuadas em áreas extremamente suscetíveis à intempéries intensas ou solos fragilizados.
A época de ocorrência dos deslizamentos coincide com o período das chuvas, intensas e prolongadas, visto que as águas escoadas e infiltradas vão desestabilizar as encostas. Nos morros, os terrenos são sempre inclinados e, quando a água entra na terra, pode acontecer um deslizamento e destruir as casas que estão em baixo.
Desta maneira, os escorregamentos em áreas de encostas ocupadas costumam ocorrer em taludes de corte, aterros e taludes naturais agravados pela ocupação e ação humana.
Quando ocorrem as precipitações o solo absorve uma parcela da água, no entanto, outra parte se locomove em forma de enxurrada na superfície do terreno, a parte de água que se infiltra no solo se confronta com alguns tipos de rochas impermeáveis, com isso a água não encontra passagem e começa acumular-se em único local tornando, dessa forma, o solo saturado de umidade que não consegue suportar e se rompe, desencadeando o deslizamento de terras nas encostas até a base dos morros.
Os motivos que desencadeiam esse processo estão ligados à retirada da cobertura vegetal de áreas de relevo acidentado, habitação humana em locais impróprios, oferecendo condições propícias para o desenvolvimento de deslizamentos em encostas.
Há que considerar três fatores de influência na ocorrência dos deslizamentos:
·
Tipo de solo: sua constituição, granulometria e nível de
coesão;
·
Declividade da encosta: cujo grau define o ângulo de
repouso, em função do peso das camadas, da granulometria e nível de coesão;
·
Água de embebição: que contribui para aumentar o peso
específico das camadas; reduzir o nível de coesão e o atrito, responsáveis pela
consistência do solo, e lubrificar as superfícies de deslizamento.
Os deslizamentos são responsáveis por inúmeras vítimas fatais e grandes prejuízos materiais. Como exemplo, pode-se citar o ocorrido em Angra, em janeiro deste ano, sendo que os deslizamentos aconteceram por causa das acomodações de uma porção do terreno que se movimentou devido à quebra de atrito entre solo/subsolo ou solo/rocha matriz. O fenômeno ocorreu por causa da grande quantidade de água da chuva que se infiltrou no solo e o deslizamento ocorreu quando houve o movimento do material superficial, com a força da gravidade. Some-se a isso, o fato das construções estarem localizadas no sopé das encostas, destino natural dos sedimentos soltos que vão sendo carregados pela água da chuva.
É importante ressaltar que a legislação só permite ao governo federal liberar verba para remoção a moradores que tenham título de propriedade. Porém, o Congresso pode flexibilizar certas regras e facilitar esse processo, pois é urgente a necessidade de se remover quem vive em locais de risco. Por isso, as remoções devem ser feitas com planejamento e indenização, sendo que as pessoas devem ser removidas para lugares com infraestrutura e acessibilidade.
Como evitar um deslizamento
·
Não destruir a vegetação das encostas;
·
No caso de vazamentos, consertar o mais rápido possível e não deixar a
água escorrendo pelo chão - o ideal é construir canaletas;
·
Juntar o lixo em depósitos para o dia da coleta e não deixá-lo entulhado
no morro;
·
Não amontoar sujeira e lixo em lugares inclinados porque eles entopem a
saída de água e desestabilizam os terrenos provocando deslizamentos;
·
Não jogar lixo em vias públicas ou barreiras, pois ele aumenta o peso e
o perigo de deslizamento, assim, deve-se jogar o lixo e entulho em latas ou
cestos apropriados;
·
Não dificultar o caminho das águas de chuva com lixo por exemplo;
·
As barreiras em morros devem ser protegidas por drenagem de calhas e
canaletas para escoamento da água da chuva;
·
Não fazer cortes nos terrenos de encostas sem licença da Prefeitura,
para evitar o agravamento da declividade;
·
Solicitar a Defesa Civil, em caso de morros e encostas, a colocação de
lonas plásticas nas barreiras;
·
As barreiras devem ser protegidas com vegetação que tenham raízes
compridas, gramas e capins que sustentam mais a terra;
·
Em morros e encostas, não plantar bananeiras e outras plantas de raízes
curtas, porque as raízes dessas árvores não fixam o solo e aumentam os riscos
de deslizamentos;
·
Pode-se plantar para que a terra não seja carregada pela água da chuva.
Perto das casas: pequenas fruteiras, plantas medicinais e de jardim, tais como:
goiaba, pitanga, carambola, laranja, limão, pinha, acerola, urucum, jasmim,
rosa, pata-de-vaca, hortelã, cidreira, boldo e capim santo. Nas encostas pode-se
plantar: capim braquiária, capim gordura, capim-de-burro, capim sândalo, capim
gengibre, grama germuda, capim chorão, grama pé-de-galinha, grama forquilha e
grama batatais. A vegetação irá proteger as encostas.
·
Em morros e encostas não plantar mamão, fruta-pão, jambo, coco, banana,
jaca e árvores grandes, pois acumulam água no solo e provocam quedas de
barreiras.
Texto extraído e
modificado de:
Secretaria de Educação
do Estado do Paraná. Deslizamentos. Obtido em:
http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=237.
Acesso em: 11/08/2016.
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