sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

A POBREZA NO MEIO URBANO - ATIVIDADE 2-2019


A pobreza é um dos principais agentes da degradação ambiental. Os pobres das cidades, impedidos de ter acesso aos escassos recursos naturais do meio urbano ou de se proteger das condições ambientais adversas, são mais afetados pelos impactos negativos da urbanização. O crescimento das grandes cidades, particularmente nos países em desenvolvimento, é acompanhado pelo aumento da pobreza urbana, que tende a se concentrar em grupos sociais específicos, bem como em locais determinados. Entre as causas estão a crescente distância entre o nível de renda dessas populações e o preço das terras e o insucesso dos mercados imobiliários em suprir as necessidades dessas populações de baixa renda (UNCHS, 2001a).
Os processos de urbanização da terra tendem a atender as classes médias e altas, forçando, dessa forma, a população carente a se fixar (ilegalmente) em terras marginais com alta densidade populacional dentro das cidades ou em suas periferias, algumas vezes em áreas sujeitas a riscos como inundações e deslizamentos e sem acesso a serviços básicos como água e esgoto.
A pobreza no meio urbano continua a crescer. Estima-se que um quarto da população urbana viva abaixo da linha de pobreza e que as famílias chefiadas por mulheres sejam desproporcionalmente afetadas. Há, em todo o mundo, uma clara correlação entre a pobreza, a falta de controle sobre os recursos naturais e a inexistência de acesso a uma cidadania plena.
O meio ambiente urbano
As áreas urbanas não causam somente impactos ambientais locais como também causam, em grande escala, impactos nas chamadas “pegadas ecológicas”. Nas suas proximidades, as cidades causam uma variedade de impactos como: conversão de áreas agrícolas ou florestais para infraestrutura ou uso urbanos; aterro de áreas úmidas; exploração de pedreiras e escavações para obtenção de brita, areia e materiais de construção em larga escala; e, em algumas regiões, desflorestamento para atender à demanda de combustível. A utilização de biomassa como combustível também causa a poluição atmosférica em ambientes fechados e abertos. Outros efeitos, como a poluição de cursos d’água, lagos e águas costeiras causada por efluentes não tratados, também podem ser sentidos além dos limites das cidades. A poluição atmosférica das cidades afeta a saúde da população urbana, bem como causa impactos na vegetação e no solo a uma distância considerável. O transporte urbano contribui para a poluição atmosférica, e a grande concentração de carros e indústrias nas cidades causa a maior parte das emissões urbanas de gases de efeito estufa em todo o mundo.
Áreas residenciais com densidade de baixa a média ao redor de centros urbanos (espraiamento urbano) são comuns no mundo desenvolvido. Uma infraestrutura bem desenvolvida e o crescente uso do automóvel facilitaram essa tendência. Associado ao crescimento no uso do transporte motorizado particular, o espraiamento urbano produz um efeito especialmente destrutivo sobre o meio ambiente.
Particularmente nas cidades dos países em desenvolvimento, a coleta inadequada de resíduos e seus ineficientes sistemas de manejo são as causas da séria poluição urbana e dos riscos para a saúde pública. O agravamento das condições ambientais pode ter sérios efeitos sobre a saúde e o bem-estar humanos, especialmente na população carente. Serviços de saneamento deficientes acarretam riscos ao meio ambiente e à saúde, principalmente devido a exposição das pessoas e animais à contaminação.
A água é uma questão essencial no meio urbano. A intensidade da demanda nas cidades pode rapidamente exceder a capacidade de abastecimento local. O preço da água é normalmente inferior ao custo real de obtenção, tratamento e distribuição, em parte devido aos subsídios governamentais. Como resultado, os domicílios consumidores e a indústria têm pouco incentivo para preservar os recursos hídricos. A poluição decorrente do escoamento e infiltração de contaminantes urbanos, de esgotos e descargas não tratadas de indústrias causou efeitos adversos em corpos d’água, o que deixou muitas cidades sem um abastecimento seguro.
Embora alguns problemas ambientais locais tendam a diminuir com o crescimento dos níveis de renda, outros problemas ambientais tendem a piorar. Os mais evidentes são os altos níveis de uso de energia e os crescentes índices de consumo e de produção de resíduos. A poluição do ar e da água causa doenças respiratórias crônicas e infecciosas, doenças transmitidas pela água, como a diarreia e as infecções por parasitas intestinais, taxas de mortalidade mais elevadas, principalmente entre crianças, e mortes prematuras, especialmente na população.
Contudo, a informação epidemiológica e demográfica mundial sugere que as taxas de sobrevivência são melhores nas cidades do que nas áreas rurais, em função de um melhor acesso aos serviços de saúde. A população carente urbana está particularmente exposta devido a sua localização e à limitação de recursos para comprar água potável, para ter acesso a atendimento médico ou para se proteger de inundações, de forma a compensar tais problemas. Há muitos outros efeitos ambientais que, embora sejam menos quantificáveis, são igualmente importantes, como a perda de área verde em áreas urbanas, a destruição de ecossistemas locais especiais, a poluição sonora e outros elementos desagradáveis para a visão e o olfato. Isso constitui não apenas uma autêntica perda de qualidade de vida, como também podem afetar o orgulho cívico e baixar o moral, gerando, localmente, indiferença e cinismo e, externamente, uma imagem negativa.
A pegada ambiental urbana relativamente desproporcional é aceitável até certo grau porque, em algumas questões, o impacto ambiental per capita das cidades é menor do que o de um número similar de pessoas em uma localidade rural. A concentração de populações nas cidades reduz a pressão sobre a terra, gera economias de escala e facilita a proximidade da infraestrutura e dos serviços. Dessa forma, as áreas urbanas mantêm o compromisso de um desenvolvimento sustentável em virtude de sua capacidade de suporte para um grande número de pessoas, ao tempo que limitam seu impacto per capita sobre o meio ambiente.
Os problemas ambientais decorrem da concentração de impactos negativos para o meio ambiente. O planejamento urbano pode reduzir esses impactos. Os assentamentos urbanos bem planejados e densamente povoados podem reduzir a necessidade de conversão do uso da terra, proporcionar a economia de energia e tornar a reciclagem mais eficiente em relação ao custo. Se as cidades forem adequadamente administradas, com a devida atenção dada ao desenvolvimento social e ao meio ambiente, podem se evitar os problemas decorrentes de uma urbanização rápida, particularmente nas regiões em desenvolvimento. Um primeiro passo para se avançar nesse sentido seria que os governos incorporassem um componente expressamente urbano a suas políticas, tanto econômicas como de outra natureza.
O sucesso na administração do meio urbano inclui maior eficiência dos recursos, redução na geração de resíduos, melhoria da infraestrutura urbana de abastecimento de água, gerenciamento e conservação de recursos hídricos em áreas urbanas por meio de um melhor tratamento de águas residuais e de uma legislação específica que estabeleça programas de reciclagem, desenvolvimento de sistemas mais efetivos de coleta de resíduos, uma legislação mais rigorosa para o tratamento de resíduos perigosos, coleta de resíduos por meio de parcerias entre o setor público e o privado, adoção de tecnologias energéticas, no âmbito industrial e no doméstico, e restauração de antigos terrenos industriais contaminados.
Texto extraído e modificado de:
UNEP. estado do meio ambiente e retrospectivas políticas: 1972-2002. https://www.unep.org/geo/geo/sites/unep.org.geo/files/documents/cap2_socioeconomico.pdf
ATIVIDADE – 1,0 ponto (0,5 cada)
1. Faça um texto (original, sem copiar o texto em estudo) de 10 linhas relacionando pobreza e meio ambiente urbano.
2. Cite dois problemas ambientais citados no texto em estudo e esclareça como o arquiteto e urbanista poderia contribuir para solucioná-los. (Pelo menos 10 linhas)

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