A pobreza é
um dos principais agentes da degradação ambiental. Os pobres das cidades,
impedidos de ter acesso aos escassos recursos naturais do meio urbano ou de se
proteger das condições ambientais adversas, são mais afetados pelos impactos
negativos da urbanização. O crescimento das grandes cidades, particularmente
nos países em desenvolvimento, é acompanhado pelo aumento da pobreza urbana,
que tende a se concentrar em grupos sociais específicos, bem como em locais
determinados. Entre as causas estão a crescente distância entre o nível de
renda dessas populações e o preço das terras e o insucesso dos mercados
imobiliários em suprir as necessidades dessas populações de baixa renda (UNCHS,
2001a).
Os
processos de urbanização da terra tendem a atender as classes médias e altas,
forçando, dessa forma, a população carente a se fixar (ilegalmente) em terras
marginais com alta densidade populacional dentro das cidades ou em suas
periferias, algumas vezes em áreas sujeitas a riscos como inundações e
deslizamentos e sem acesso a serviços básicos como água e esgoto.
A pobreza
no meio urbano continua a crescer. Estima-se que um quarto da população urbana
viva abaixo da linha de pobreza e que as famílias chefiadas por mulheres sejam
desproporcionalmente afetadas. Há, em todo o mundo, uma clara correlação entre
a pobreza, a falta de controle sobre os recursos naturais e a inexistência de acesso
a uma cidadania plena.
O meio ambiente urbano
As áreas
urbanas não causam somente impactos ambientais locais como também causam, em
grande escala, impactos nas chamadas “pegadas ecológicas”. Nas suas
proximidades, as cidades causam uma variedade de impactos como: conversão de
áreas agrícolas ou florestais para infraestrutura ou uso urbanos; aterro de
áreas úmidas; exploração de pedreiras e escavações para obtenção de brita,
areia e materiais de construção em larga escala; e, em algumas regiões, desflorestamento
para atender à demanda de combustível. A utilização de biomassa como
combustível também causa a poluição atmosférica em ambientes fechados e
abertos. Outros efeitos, como a poluição de cursos d’água, lagos e águas
costeiras causada por efluentes não tratados, também podem ser sentidos além
dos limites das cidades. A poluição atmosférica das cidades afeta a saúde da
população urbana, bem como causa impactos na vegetação e no solo a uma
distância considerável. O transporte urbano contribui para a poluição
atmosférica, e a grande concentração de carros e indústrias nas cidades causa a
maior parte das emissões urbanas de gases de efeito estufa em todo o mundo.
Áreas
residenciais com densidade de baixa a média ao redor de centros urbanos
(espraiamento urbano) são comuns no mundo desenvolvido. Uma infraestrutura bem
desenvolvida e o crescente uso do automóvel facilitaram essa tendência.
Associado ao crescimento no uso do transporte motorizado particular, o
espraiamento urbano produz um efeito especialmente destrutivo sobre o meio
ambiente.
Particularmente
nas cidades dos países em desenvolvimento, a coleta inadequada de resíduos e
seus ineficientes sistemas de manejo são as causas da séria poluição urbana e
dos riscos para a saúde pública. O agravamento das condições ambientais pode
ter sérios efeitos sobre a saúde e o bem-estar humanos, especialmente na
população carente. Serviços de saneamento deficientes acarretam riscos ao meio
ambiente e à saúde, principalmente devido a exposição das pessoas e animais à
contaminação.
A água é
uma questão essencial no meio urbano. A intensidade da demanda nas cidades pode
rapidamente exceder a capacidade de abastecimento local. O preço da água é
normalmente inferior ao custo real de obtenção, tratamento e distribuição, em
parte devido aos subsídios governamentais. Como resultado, os domicílios
consumidores e a indústria têm pouco incentivo para preservar os recursos
hídricos. A poluição decorrente do escoamento e infiltração de contaminantes
urbanos, de esgotos e descargas não tratadas de indústrias causou efeitos
adversos em corpos d’água, o que deixou muitas cidades sem um abastecimento
seguro.
Embora
alguns problemas ambientais locais tendam a diminuir com o crescimento dos
níveis de renda, outros problemas ambientais tendem a piorar. Os mais evidentes
são os altos níveis de uso de energia e os crescentes índices de consumo e de
produção de resíduos. A poluição do ar e da água causa doenças respiratórias
crônicas e infecciosas, doenças transmitidas pela água, como a diarreia e as
infecções por parasitas intestinais, taxas de mortalidade mais elevadas,
principalmente entre crianças, e mortes prematuras, especialmente na população.
Contudo, a
informação epidemiológica e demográfica mundial sugere que as taxas de
sobrevivência são melhores nas cidades do que nas áreas rurais, em função de um
melhor acesso aos serviços de saúde. A população carente urbana está
particularmente exposta devido a sua localização e à limitação de recursos para
comprar água potável, para ter acesso a atendimento médico ou para se proteger
de inundações, de forma a compensar tais problemas. Há muitos outros efeitos
ambientais que, embora sejam menos quantificáveis, são igualmente importantes,
como a perda de área verde em áreas urbanas, a destruição de ecossistemas
locais especiais, a poluição sonora e outros elementos desagradáveis para a
visão e o olfato. Isso constitui não apenas uma autêntica perda de qualidade de
vida, como também podem afetar o orgulho cívico e baixar o moral, gerando,
localmente, indiferença e cinismo e, externamente, uma imagem negativa.
A pegada
ambiental urbana relativamente desproporcional é aceitável até certo grau
porque, em algumas questões, o impacto ambiental per capita das cidades
é menor do que o de um número similar de pessoas em uma localidade rural. A
concentração de populações nas cidades reduz a pressão sobre a terra, gera
economias de escala e facilita a proximidade da infraestrutura e dos serviços.
Dessa forma, as áreas urbanas mantêm o compromisso de um desenvolvimento
sustentável em virtude de sua capacidade de suporte para um grande número de
pessoas, ao tempo que limitam seu impacto per capita sobre o meio
ambiente.
Os
problemas ambientais decorrem da concentração de impactos negativos para o meio
ambiente. O planejamento urbano pode reduzir esses impactos. Os assentamentos
urbanos bem planejados e densamente povoados podem reduzir a necessidade de
conversão do uso da terra, proporcionar a economia de energia e tornar a
reciclagem mais eficiente em relação ao custo. Se as cidades forem
adequadamente administradas, com a devida atenção dada ao desenvolvimento
social e ao meio ambiente, podem se evitar os problemas decorrentes de uma
urbanização rápida, particularmente nas regiões em desenvolvimento. Um primeiro
passo para se avançar nesse sentido seria que os governos incorporassem um
componente expressamente urbano a suas políticas, tanto econômicas como de
outra natureza.
O sucesso
na administração do meio urbano inclui maior eficiência dos recursos, redução
na geração de resíduos, melhoria da infraestrutura urbana de abastecimento de
água, gerenciamento e conservação de recursos hídricos em áreas urbanas por
meio de um melhor tratamento de águas residuais e de uma legislação específica
que estabeleça programas de reciclagem, desenvolvimento de sistemas mais
efetivos de coleta de resíduos, uma legislação mais rigorosa para o tratamento
de resíduos perigosos, coleta de resíduos por meio de parcerias entre o setor
público e o privado, adoção de tecnologias energéticas, no âmbito industrial e
no doméstico, e restauração de antigos terrenos industriais contaminados.
Texto extraído e
modificado de:
UNEP. estado do meio ambiente e
retrospectivas políticas: 1972-2002. https://www.unep.org/geo/geo/sites/unep.org.geo/files/documents/cap2_socioeconomico.pdf
ATIVIDADE – 1,0
ponto (0,5 cada)
1. Faça um texto (original, sem copiar o texto em estudo) de 10 linhas relacionando
pobreza e meio ambiente urbano.
2. Cite dois problemas ambientais citados no texto em estudo e esclareça
como o arquiteto e urbanista poderia contribuir para solucioná-los. (Pelo menos
10 linhas)
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