quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

ORIGEM E EVOLUÇÃO DAS CIDADES - ATIVIDADE 1-2019

Os primeiros seres humanos eram nômades, e viviam da caça, pesca e coleta de frutos. O surgimento da agricultura, por volta de 3.000 a.C., na região compreendida entre a Mesopotâmia (atual Iraque) e o Egito, possibilitou a fixação das tribos. A produção agrícola passou a ter capacidade de abastecer os habitantes e gerar excedentes, que podiam ser estocados ou comercializados. Daí surgiram as cidades, onde as pessoas podiam se dedicar a atividades propriamente urbanas: comércio e artesanato. Os mais abastados passaram a formar as elites dirigentes e as cidades se tornaram sedes do poder. Implantava-se a divisão de trabalho e funções entre as zonas rurais e as cidades.

As cidades surgiram também na Mesopotâmia (região entre os rios Eufrates e Tigre), destacando-se Ur e Babilônia. Com o passar do tempo, outras cidades surgiram, sempre próximas aos rios, porque estes fertilizavam a terra e permitiam o abastecimento das cidades: Pequim e Hang-Chou, na China; Mohenjo-Daro, na Índia e Tebas e Mênfis no Egito. Elas combinavam o poder político e o religioso. Eram cidades abertas, sem muralhas, mas com uma “cidadela” central, situada no alto de uma colina (função defensiva e simbólica de domínio), onde se situavam palácio, templo e edifícios públicos.
Na Europa, duas civilizações, a grega e a romana, tiveram nas cidades seus centros de poder, onde estavam a burocracia de estado civil e militar. Na Grécia clássica, a mais sofisticada forma política foi a polis (cidade). Representou um novo padrão de cidade-estado, de regime democrático, onde as decisões eram tomadas na assembleia de cidadãos. O lugar da política era separado da religião: a Ágora era o ponto de encontro, lugar da assembleia, do mercado e do centro festivo; o Templo situava-se na Acrópole.
Na Península Itálica, surgiu e evoluiu a mais importante cidade da Antiguidade: Roma, de onde partiram as tropas que edificariam o maior dos impérios, o Império Romano. As fortificações romanas deram origem a grande número de cidades, que facilitaram o domínio territorial.
As cidades romanas tinham como características: templo de oração; anfiteatro para eventos; estádio para esporte; termas para banhos públicos; vias pavimentadas e pontes de pedra; aquedutos para o fornecimento de água potável; fórum (equivalente à ágora grega); domus (moradia dos mais ricos em casas individuais) e insulae (moradia dos mais pobres em habitações coletivas).
No século VII ocorreu a invasão árabe do norte da África e sul da Europa, próximo ao Mediterrâneo. As cidades ocupadas transformaram-se por força do islamismo, surgindo o que se denomina cidade mulçumana, fruto de uma sociedade fechada e religiosa. Suas características são ruas estreitas, tortuosas, formando labirinto, favorecendo a vida familiar. Para eles, a cidade significava o local onde era possível cumprir, em toda a sua plenitude, os deveres religiosos, morais e sociais, um local onde se pudesse adorar o Deus Supremo, onde, cumprindo todas as exigências, se pudesse ler em paz o seu livro sagrado e, principalmente, onde as ordens de Alá pudessem ser cumpridas, motivo pelo qual elementos urbanos como teatros, auditórios, estádios, praças (no sentido da ágora), fundamentais nas cidades europeias, aí praticamente inexistem. O urbanismo muçulmano teve grande influência no traçado das primeiras cidades brasileiras.
No século V, quando Roma caiu em função das invasões germânicas, as cidades sofreram um grande abalo, pois a Europa se "ruralizou", ao longo do período feudal. A Idade Média foi fundamentalmente uma civilização rural.  Por essa razão, as cidades perderam sua importância. Limitavam-se a ser sedes de bispados e reinados, num período no qual os reis praticamente não tinham poder político. Durante o período medieval, não surgiram novas cidades e as antigas se esvaziaram.  As cidades medievais foram, na prática, simplesmente fortificações para proteger igrejas, uma pequena população e alguns castelos. Elas não tinham qualquer função urbana.  Além disso, eram sujas, fétidas e suas casas de madeira eram presas fáceis dos incêndios. Dizia-se que qualquer viajante percebia estar próximo a uma cidade, pelo mau cheiro que ela exalava. 
Somente o capitalismo mercantil faria ressurgir o fenômeno urbano. Fora dos muros dos castelos, foram se aglomerando núcleos populacionais que viviam do comércio, fabricação de equipamentos, prestação de serviços. Progressivamente, os senhores feudais foram permitindo que esses núcleos ficassem livres, formando cidades independentes, por meio da concessão de "cartas de franquia". As cidades agora livres receberam diversas denominações, conforme os países onde elas estavam situadas: na Alemanha eram chamadas de burgos; na França, comunas; na Itália eram denominadas de repúblicas  e na Península Ibérica  existiam os  conselhos.  A medida que o comércio foi se desenvolvendo, as cidades foram se espalhando por toda a Europa. Importantíssimas foram as cidades comerciais da Itália, principalmente Gênova e Veneza, onde surgiu uma próspera burguesia comercial e financeira.  Na Alemanha, Hamburgo era o centro de uma rede comercial que chegava até a Rússia, rede esta conhecida pelo nome de Hansa Teutônica ou Liga Hanseática. Na extremidade ocidental da Europa, onde se formou a rota comercial de Champagne,  proliferaram cidade sde grande importância: Paris, Bruxelas, Antuérpia e Amsterdã, dentre outras.
O renascimento urbano, fruto do renascimento comercial, foi sinal de que estava nascendo um novo regime de produção: o capitalismo. O desenvolvimento das cidades, que passaram a ser os motores do progresso, acelerou o êxodo rural: todo mundo queria morar nas cidades para se libertar da dominação feudal.  Um provérbio alemão da época dizia: "o ar da cidade faz o homem livre".  Pouco a pouco, as cidades ficaram superpovoadas. O renascimento urbano teve também um impacto cultural, com o desenvolvimentos da artes, nascimento da ciência e criação de universidades.
A Revolução Industrial do século XVIII, que concentrou a mão de obra das atividades fabris nas cidades, foi o grande fator do desenvolvimento urbano.  O capitalismo não criou as cidades, surgidas ainda na Antiguidade, mas as tornou o centro das atividades econômicas e culturais.   Em função do capitalismo, as cidades passaram a ter inúmeras funções: portuárias, comerciais, industriais, militares e político-administrativas.  Leia o texto abaixo com atenção:
"O resultado desse processo - a moderna unidade de produção, a fábrica - é necessariamente um fenômeno urbano.  Ela (a fábrica) exige, em sua proximidade, a presença de um grande número de trabalhadores.  O seu grande volume de produção requer serviços de infraestrutura (transportes, armazenamento de energia, etc.) que constituem o núcleo da moderna economia urbana.  Quando a fábrica não surge já na cidade, é a cidade que se forma em volta dela.  Mas é em ambos os casos uma cidade diferente.  Em contraste com a antiga cidade comercial, que impunha ao campo seu domínio político, para explorá-lo mediante monopólios, a cidade industrial se impões graças à sua superioridade produtiva. A burguesia industrial toma o poder na cidade em nome do liberalismo e varre para fora do cenário histórico a competição das formas arcaicas de exploração.  O capital comercial perde seus privilégios monopolísticos e acaba se subordinando ao capital industrial (SINGER, Paul in "Economia política da urbanização")

O grande contingente de trabalhadores que surgiu fez nascer uma nova classe social, o proletariado. Para abrigar essa nova classe de trabalhadores, foi criado um novo modelo de complexo urbano, onde a fábrica era seu núcleo principal formador, juntamente a um conjunto de estabelecimentos com intenção de dar aporte aos novos bairros operários, que surgiram para abrigar a grande demanda dessa mão-de-obra. Nas diferentes cidades europeias, os primeiros bairros possuíam precárias condições para a vida humana, apresentavam grande densidade, intenso aproveitamento do terreno e ausência de espaços livres e pátios.
Na primeira metade do século XIX, os problemas da cidade industrial aparecem de forma grave e intolerável para a classe subalterna. Além da insalubridade, o congestionamento do tráfego e a “feiura” passaram a ameaçar todas as outras classes. As intervenções realizadas no espaço urbano recriaram o princípio de divisão social do trabalho e as ideias de isolamento foram aplicadas no plano urbanístico. Através de operações de saneamento, alargamento e abertura de ruas e avenidas, renovação e modernização urbana implantou-se a segregação das classes sociais no espaço da cidade. Os trabalhadores das fábricas foram isolados em conjuntos periféricos, distantes da classe social abastada, que se manteve nos espaços urbanos mais valorizados. Esta divisão social do espaço urbano (segregação urbana) transparece nas cidades modernas: a cada espaço corresponde um status – ou posição social.

ATIVIDADE COM GABARITO
1.    Faça a relação entre agricultura e surgimento das cidades.
O surgimento das cidades só foi possível com a prática da agricultura, porque antes disso as populações eram nômades, pois viviam da caça, pesca e coleta de alimentos. Com a agricultura, as tribos puderam se fixar, sendo que o desenvolvimento de técnicas agrícolas puderam gerar excedentes, os quais eram comercializados, ocasionando assim a especialização desses aglomerados humanos em comércio, serviços e fabricação de instrumentos, formando os núcleos que mais tarde se tornaram cidades.
2.    Explique as principais diferenças entre as cidades gregas e romanas.
As cidades gregas eram governadas por um sistema democrático, onde o poder era compartilhado pelos cidadãos. Portanto, não havia um poder central (rei). O templo dos deuses ocupava a parte mais alta da área urbana e, na parte baixa, havia a ágora, onde funcionava a assembleia dos cidadãos, os locais públicos de lazer e as habitações. As cidades romanas tinham no centro a sede do poder político (palácio) e militar, os edifícios públicos da administração e de lazer (banhos, anfiteatro...). As habitações eram localizadas conforme a casta: domus (moradia dos mais ricos em casas individuais) e insulae (moradia dos mais pobres em habitações coletivas)
3.    Explique as transformações ocorridas nas cidades europeias após a queda de Roma.
Com a invasão das tribos bárbaras, vindas do norte da Europa, as cidades romanas tornaram-se perigosas, alvos permanentes de ataques, o que levou a população a deixá-las. Os mais abastados ergueram castelos para se protegerem por detrás de seus muros. Uma parte da população, portanto, passou a viver dentro dos castelos, prestando serviços aos seus donos, e outra parte vivia foram dos castelos. Houve, portanto, um processo de ruralização, com a decadência das cidades.
4.    Relacione capitalismo e renascimento urbano.
No final da Idade Média houve um renascimento comercial, principalmente com as Cruzadas. Rotas de comércio foram abertas em diversas partes da Europa. A população que residia fora dos castelos ampliou-se, dando origem aos burgos (cidades em torno dos castelos). Ali surgiu uma nova classe social, os burgueses, que eram comerciantes que acumularam riquezas, investindo-a na ampliação de seus negócios. Este sistema econômico baseava-se, portanto, no acúmulo de capital e no lucro dele advindo, ao contrário do sistema que entrou em decadência, o feudalismo, baseado na posse da terra e na servidão. A concentração de dinheiro nas mãos dos burgueses e a oportunidade de trabalho e de negócios atraíram as pessoas do meio rural, desenvolvendo as cidades.
5.    O surgimento do proletariado levou à criação de um novo modelo urbano. Explique-o.
Os trabalhadores das fábricas constituíram uma nova classe social, o proletariado, constituída de assalariados, destituídos de propriedade, a não ser a sua força de trabalho. Sua condição social baixa levou-os a se fixarem próximos às fábricas, em bairros sujos, fétidos, com péssimas moradias e alta densidade populacional. Esses bairros geralmente ficavam na periferia das cidades, longe dos locais de moradia dos mais abastados. É um modelo urbano segregador das classes sociais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário