Texto 1
Todos os seres vivos se agrupam em populações, formam comunidades
distintas e se distribuem pela superfície terrestre e oceanos, em harmonia e
equilíbrio dinâmico, mantendo uma relação com as condições do meio ambiente.
Formam-se os mais complexos ecossistemas, cuja soma, denominamos de biosfera e
fica a cargo da ecologia estudar as interrelações entre os organismos, seu meio
físico e propor medidas para o desenvolvimento sustentável.
Muitos não consideram as cidades como ecossistemas verdadeiros, em razão
da influência humana, o que tira a conotação de um ecossistema natural. No entanto, quando se define que um
ecossistema é um conjunto de espécies que interagem entre si e com o meio, não
podemos descartar que as cidades, repletas de organismos distintos, devem ser
encaixadas nesta categoria.
Em um ecossistema urbano, a
produtividade e a diversidade de espécies são dependentes de obtenção da
energia. Nos ambientes naturais, em sua maioria, a principal fonte é a solar, e
sua produção, para suprir as necessidades orgânicas de seus habitantes,
relaciona-se com a quantidade de áreas verdes. Claro que, em relação a um
ecossistema natural, as cidades possuem baixa quantidade dessas áreas e,
consequentemente baixa produção de energia, o que obriga os residentes a
importarem outras fontes, já que as plantas, grandes produtoras do combustível
orgânico, que sustenta uma certa biomassa de consumidores, - com exceção das
hortaliças - não são utilizadas para este fim, restando-lhes as funções de produzir
oxigênio, refrescar o ambiente, absorver poluentes, servir de barreiras
acústicas e estética. O uso da energia externa, no entanto, gera resíduos, que
devem ser escoados ou reciclados e reutilizados.
O mosaico de paisagens, constituído nas cidades, favorece a formação de ilhas de biodiversidades, por conta do
refúgio de aves e animais, vítimas da devastação, das queimadas criminosas, da
insensatez humana. Adaptados, inteirados com o homem, livres de predadores, sem
competidores e com fartura de alimentos, suas populações crescem
exageradamente, causando transtornos. Aves, como os pardais e os pombos, passam
a ter a conotação de pragas; os domesticados pelo homem - cães e gatos -,
acabam sendo vítimas do próprio homem, que ignora a posse responsável. Dentre
as espécies oportunistas, encaixam-se as baratas, formigas, cupins, traças,
piolhos, carrapatos e mosquitos, que com seus curtos ciclos reprodutivos,
causam incômodos permanentes, além de serem potenciais transmissores de
doenças.
As atividades dos ocupantes urbanos geram microclimas especiais, já que a impermeabilização do solo, que
substitui a vegetação, tem uma alta capacidade de absorver e irradiar calor. A
água da chuva se escoa rapidamente, antes que a evaporação consiga esfriar o
ar, enquanto que o calor gerado pelo metabolismo dos habitantes, associado
àquele das indústrias, aquecem a massa de ar. Porém, este ar aquecido, poluído
pelas atividades industriais, e das queimadas das adjacências, pode se
comportar como uma cortina, um cobertor, que impede a entrada da luz solar e a
saída do calor que é emitido pelo solo. Este aquecimento aprisionado é que dá
origem ao efeito estufa.
Outros problemas ecológicos
das grandes áreas urbanas referem-se ao aumento da densidade populacional, à
construção desordenada, sem planejamento, sem infraestrutura, causadores da
miséria, das doenças, da delinquência e da violência.
A manutenção da diversidade urbana é algo que deve ser respeitada, não
somente em relação ao homem, mas, também, por consideração às demais espécies
que com ele convivem. Para isso, é importante planejamento, sensatez e muito
estudo sobre quais são e como se organizam todos os seres de uma urbe, dentro
de um processo ecológico, de adequação ambiental.
Há que
planejar sobre que tipo de ambiente elas necessitam e quais as medidas sérias
que devem ser tomadas em relação às queimadas das adjacências, à poluição
produzida pelos esgotos, à industrial, e, acima de tudo, a chance de
sobrevivência dos pobres, das crianças desamparadas, dos animais abandonados,
pois todos estão inseridos dentro da nossa sociedade, do nosso ecossistema, que
deve ser salutar, de convívio harmonioso, pacífico entre seus habitantes.
João O. Salvador - http://www.floraisecia.com.br/detalhe_artigo.php?id_artigo=161
Texto 2
Uma cidade é um
ecossistema urbano composto de componentes biológicos (plantas, animais e
outras formas de vida), componentes físicos (solo, água, ar, clima e
topografia) e componentes antrópicos (o complexo físico, as populações humanas,
suas características demográficas, suas estruturas institucionais e as ferramentas
sociais e econômicas que empregam).
O complexo físico inclui edifícios, redes
de transporte, superfícies modificadas (por exemplo, estacionamentos, telhados
e paisagismo), e as alterações ambientais decorrentes da decisão humana. Os
componentes antrópicos de ecossistemas urbanos também incluem o uso de energia
e a importação, transformação e exportação de materiais.
Um ecossistema
saudável depende do equilíbrio entre todos os membros do meio ambiente. Se algo
afetar o equilíbrio, o ecossistema e todos os seres, vivos e não vivos, poderão
sofrer consequências. Existe uma concentração de ozônio, em forma de gás na
atmosfera que tem a função de proteger a Terra dos raios ultravioleta do Sol,
nocivos à saúde dos seres humanos. Causas naturais, como as mudanças climáticas
e os desastres naturais, podem mudar um ecossistema.
Entre as
atividades humanas que são prejudiciais ao ecossistema estão a poluição, o
desmatamento e a construção civil.
Algumas consequência das atividades humanas:
Chuva ácida: a chuva é água pura, sem gosto, sem cheiro e sem
cor. Ela se torna ácida quando a água se mistura na atmosfera com os poluentes industriais
e com os gases tóxicos dos automóveis, causando danos às plantações, florestas,
rios, lagos, animais e também para o homem. Para combater a chuva ácida é
necessária a redução da poluição do ar.
Efeito estufa: é o aquecimento
da Terra devido à poluição do ar pela concentração de gás carbônico na
atmosfera. Os raios de sol conseguem atravessar essa barreira até a superfície
terrestre. Parte dos raios é absorvida e a outra parte é irradiada em forma de
calor, que não consegue sair para a atmosfera devido à barreira de gás
carbônico, causando o aumento da temperatura.
ATIVIDADE AVALIATIVA - GABARITO
Atenção: As respostas são apenas orientativas para fins de avaliação.
1.
Faça uma comparação entre o ecossistema natural e o ecossistema urbano.
Ambos necessitam de energia para o seu funcionamento;
entretanto, o ecossistema natural utiliza a energia solar, através do processo
de fotossíntese, e a quantidade de energia disponível é relacionada à quantidade
de áreas verdes; porém, esse processo é insuficiente para o funcionamento do
ecossistema urbano, onde a escassa presença de áreas verdes não é capaz de
suprir o consumo energético de grande concentração humana, exigindo a
importação de alimentos e combustíveis.
No ecossistema natural os resíduos produzidos pelo
metabolismo os seres que ali vivem é reciclado e incorporado pelo próprio sistema;
portanto, há um balanceamento entre produção, consumo, escoamento, reciclagem e
incorporação de dejetos; isto não acontece no ecossistema urbano; porque o
consumo de energia e escoamento de resíduos é muito elevado e não pode ser
totalmente reciclado e incorporado dentro do ecossistema e precisa ser escoado
para fora dele.
Quanto à biodiversidade, ela é muito maior no ecossistema
natural. Por outro lado, o ecossistema urbano apresenta vários problemas
ecológicos, como a formação de ilhas de calor, devido ao alto consumo
energético, edificações e pavimentação do solo, e efeito estufa, devido à
poluição do ar.
2.
No texto 1, a que o autor se refere quando fala de ilhas de
biodiversidades?
A destruição da vegetação natural para aproveitamento do
solo para agricultura e pecuária, além de queimadas, tem expulsado várias espécies
de animais para o ecossistema urbano, onde elas se veem menos ameaçadas. Também
existem os animais domesticados, como cães e gatos, muitos deles abandonados em
via pública. Além disso, o acúmulo de resíduos não tratados, os esgotos e as
precárias situações sanitárias fazem proliferar insetos e outras pragas
urbanas. Tudo isso aumenta a diversidade do ecossistema urbano, muito além da
simples concentração humana. (Por exemplo, Randy Baldresca,
especialista em pragas, estima que na cidade de São Paulo existam de 10
a 15 ratos por habitante - https://falauniversidades.com.br/invasao-ratos-sao-paulo/).
3.
Analise a afirmação: “As
atividades dos ocupantes urbanos geram microclimas especiais”.
Os
microclimas especiais nas zonas urbanas estão relacionados ao alto consumo
energético; à poluição do ar pela queima de combustíveis fósseis que expele CO2;
à impermeabilização do solo, que aumenta a absorção de calor e impede a
infiltração das águas; às edificações que, além de aumentarem o aquecimento da
atmosfera pela reflexão da luz solar, dificultam a circulação do ar. A poluição,
resultante de gases poluentes industriais e dos automóveis, mistura-se com a água de chuva na atmosfera, gerando chuva ácida. A formação de ilhas de
calor combina-se com o efeito da poluição, aumentando o efeito estufa. (Observação: o efeito estufa é um fenômeno natural, que basicamente mantém a superfície do planeta aquecida, sem o que, por exemplo, não existiria a
espécie humana; as atividades humanas estão aumentando o efeito
estufa, aumentando a temperatura na superfície da Terra, o que provoca mudanças
climáticas, extinção de espécies, doenças respiratórias etc.)
4.
Reflita sobre a sua cidade e enquadre o que seria a sua biodiversidade
urbana.
De maneira geral, na região em que nos encontramos
(Planalto Central) a biodiversidade urbana, além da presença humana, é formada
por animais de estimação, animais expulsos das áreas rurais pela destruição de
seus habitats (pássaros como sabiás, tucanos, pombas silvestres, canários,
periquitos e outros), pássaros há muito adaptados às zonas urbanas, como
pardais e pombos; pequenos animais, como lagartixas e gambás; pragas urbanas,
as quais incluem ratos, baratas, formigas, cupins, escorpiões, moscas, mosquitos, pulgas,
carrapatos e outros.
5.
Considerando os componentes do ecossistema urbano, em qual deles se
encaixaria a atividade do arquiteto? Por quê?
A atividade do arquiteto é principalmente voltada para o
componente físico do ecossistema urbano, como sejam a habitação, os vários
tipos de edificações, vias de
transporte, acessibilidade, praças, estacionamentos e paisagismo, porque o arquiteto atua na
geração de elementos construídos no espaço urbano.