Regina Celly Nogueira da Silva e Celênia de Souto Macêdo. A produção
do espaço urbano. Universidade Federal do Rio Grande do Norte/Universidade
Estadual da Paraíba.
Nesses espaços encontram-se, frequentemente,
residências e um comércio de bairro, onde as pessoas e famílias podem fazer
suas compras para seu abastecimento diário, semanal ou mensal com gêneros
alimentícios e outros de consumo rotineiro.
Os espaços residenciais são extremamente
importantes. No Brasil, esses espaços tendem a se diferenciar entre si, sob o
ângulo socioeconômico. Na cidade capitalista, a variável que irá definir onde
cada habitante irá residir é a renda. A renda é a principal definidora dessa diferenciação
(SOUZA, 2003). Na realidade, em termos muito gerais, essa diferenciação entre as
áreas residenciais de uma cidade brasileira, reflete a posição social que cada
grupo social ocupa no interior do espaço urbano.
Nesta citação, Souza explica com propriedade
essa realidade:
Em outras palavras: diferenças econômicas, de poder, de status etc.
entre diversos grupos sociais se refletem no espaço, determinando ou, pelo
menos, influenciando decisivamente onde os membros de cada grupo podem viver.
Essas diferenças econômicas, de poder e de prestígio são função de várias
coisas, potencialmente: em uma sociedade capitalista moderna, são função,
primeiramente, da classe social do indivíduo, a qual tem a ver com a posição
que ele ocupa no mundo da produção. (SOUZA, 2003, p. 67)
Vale ressaltar, também, que outros fatores,
além do econômico, devem ser considerados. Um dos exemplos mais marcantes dessa
realidade verificou-se nas cidades sul-africanas da época do Apartheid,
onde a população negra era obrigada a viver confinada em bairros pobres, como o
conhecido bairro de Soweto, na periferia de Johannesburgo. Outro exemplo
clássico desse modelo de urbanização são os Estados Unidos, onde pertencer a
uma minoria étnica foi e continua sendo um fator decisivo para se determinar
onde se irá viver (SOUZA, 2003).
Na cidade capitalista, a segregação
residencial está presente de forma contundente. Esse fenômeno é resultado do
modelo de urbanização adotado por nossas cidades. As classes de menor poder
aquisitivo são forçados a viverem em áreas geralmente atraentes e bonitas,
menos dotadas de infraestrutura urbana, insalubres, periféricas. Essas classes
são formalmente excluídas de certos espaços, reservados para as classes e
grupos dominantes da sociedade.
A segregação induzida está presente nas
grandes, médias e até pequenas cidades. Podemos encontrar ainda, convivendo em
um mesmo espaço, áreas onde se encontram condomínios verticais de luxo e
grandes favelas. Muitas vezes, as classes menos favorecidas se instalam em
áreas que estão sofrendo um processo de valorização do solo urbano por vários fatores
(construções de shopping centers, centros comerciais, grandes vias e
circulação), contribuindo para a valorização do solo urbano.
Como vimos, atualmente há cidades de
diferentes tamanhos, densidades demográficas, funções e de diversas condições
socioeconômicas e ambientais. Algumas desempenham apenas uma função urbana
enquanto outras têm múltiplas funções. Algumas se estruturaram há séculos,
conheceram o apogeu e a decadência, enquanto outras começaram a se desenvolver
há poucas décadas ou anos, mas já conhecem o fenômeno da metropolização.
Na atual fase do capitalismo, a rede e a
hierarquia urbanas se estruturaram em escala mundial, de forma muito mais densa
do que em períodos históricos anteriores. Assim, a cidade e a vida urbana
ganharam novas dimensões. A Revolução Técnico-científica vivenciada nas últimas
décadas viabilizou um aumento na velocidade dos transportes e das comunicações,
reduzindo o tempo de deslocamento das pessoas, mercadorias e informações entre
os lugares.
RESUMO
Vimos que as primeiras cidades fazem seu aparecimento na
esteira da chamada Revolução Agrícola. Graças à descoberta e prática da
agricultura é que irão surgindo, aos poucos, assentamentos sedentários, e
depois as primeiras cidades. Assim, com o desenvolvimento contínuo da
agricultura, foi possível alimentar populações cada vez maiores, gerando-se,
inclusive, um excedente alimentar. Assim, surge o que hoje denominamos de
cidade. No entanto, é com o advento da Revolução Industrial no século XVIII que
a cidade ganha importância fundamental. Dessa forma, a partir do final do século
XVIII, observamos que as cidades ganham importância fundamental para o
desenvolvimento do capitalismo comercial, a cidade voltou a ser o centro de
trocas. Outro impulso fundamental à urbanização foi a volta do poder político
às cidades. A cidade capitalista é essencialmente o lócus da produção industrial, concentradora de mão-de-obra, lugar
onde se concentram as fábricas com seus equipamentos. Desse modo, para entendermos
detalhadamente a cidade é necessário compreender sua organização interna, pois
essa organização reflete a organização da própria sociedade.
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