terça-feira, 4 de setembro de 2018

A IMPORTÂNCIA DOS ESPAÇOS RESIDENCIAIS


Regina Celly Nogueira da Silva e Celênia de Souto Macêdo. A produção do espaço urbano. Universidade Federal do Rio Grande do Norte/Universidade Estadual da Paraíba.



Nesses espaços encontram-se, frequentemente, residências e um comércio de bairro, onde as pessoas e famílias podem fazer suas compras para seu abastecimento diário, semanal ou mensal com gêneros alimentícios e outros de consumo rotineiro.
Os espaços residenciais são extremamente importantes. No Brasil, esses espaços tendem a se diferenciar entre si, sob o ângulo socioeconômico. Na cidade capitalista, a variável que irá definir onde cada habitante irá residir é a renda. A renda é a principal definidora dessa diferenciação (SOUZA, 2003). Na realidade, em termos muito gerais, essa diferenciação entre as áreas residenciais de uma cidade brasileira, reflete a posição social que cada grupo social ocupa no interior do espaço urbano.
Nesta citação, Souza explica com propriedade essa realidade:
Em outras palavras: diferenças econômicas, de poder, de status etc. entre diversos grupos sociais se refletem no espaço, determinando ou, pelo menos, influenciando decisivamente onde os membros de cada grupo podem viver. Essas diferenças econômicas, de poder e de prestígio são função de várias coisas, potencialmente: em uma sociedade capitalista moderna, são função, primeiramente, da classe social do indivíduo, a qual tem a ver com a posição que ele ocupa no mundo da produção. (SOUZA, 2003, p. 67)
Vale ressaltar, também, que outros fatores, além do econômico, devem ser considerados. Um dos exemplos mais marcantes dessa realidade verificou-se nas cidades sul-africanas da época do Apartheid, onde a população negra era obrigada a viver confinada em bairros pobres, como o conhecido bairro de Soweto, na periferia de Johannesburgo. Outro exemplo clássico desse modelo de urbanização são os Estados Unidos, onde pertencer a uma minoria étnica foi e continua sendo um fator decisivo para se determinar onde se irá viver (SOUZA, 2003).
Na cidade capitalista, a segregação residencial está presente de forma contundente. Esse fenômeno é resultado do modelo de urbanização adotado por nossas cidades. As classes de menor poder aquisitivo são forçados a viverem em áreas geralmente atraentes e bonitas, menos dotadas de infraestrutura urbana, insalubres, periféricas. Essas classes são formalmente excluídas de certos espaços, reservados para as classes e grupos dominantes da sociedade.
A segregação induzida está presente nas grandes, médias e até pequenas cidades. Podemos encontrar ainda, convivendo em um mesmo espaço, áreas onde se encontram condomínios verticais de luxo e grandes favelas. Muitas vezes, as classes menos favorecidas se instalam em áreas que estão sofrendo um processo de valorização do solo urbano por vários fatores (construções de shopping centers, centros comerciais, grandes vias e circulação), contribuindo para a valorização do solo urbano.
Como vimos, atualmente há cidades de diferentes tamanhos, densidades demográficas, funções e de diversas condições socioeconômicas e ambientais. Algumas desempenham apenas uma função urbana enquanto outras têm múltiplas funções. Algumas se estruturaram há séculos, conheceram o apogeu e a decadência, enquanto outras começaram a se desenvolver há poucas décadas ou anos, mas já conhecem o fenômeno da metropolização.
Na atual fase do capitalismo, a rede e a hierarquia urbanas se estruturaram em escala mundial, de forma muito mais densa do que em períodos históricos anteriores. Assim, a cidade e a vida urbana ganharam novas dimensões. A Revolução Técnico-científica vivenciada nas últimas décadas viabilizou um aumento na velocidade dos transportes e das comunicações, reduzindo o tempo de deslocamento das pessoas, mercadorias e informações entre os lugares.

RESUMO
Vimos que as primeiras cidades fazem seu aparecimento na esteira da chamada Revolução Agrícola. Graças à descoberta e prática da agricultura é que irão surgindo, aos poucos, assentamentos sedentários, e depois as primeiras cidades. Assim, com o desenvolvimento contínuo da agricultura, foi possível alimentar populações cada vez maiores, gerando-se, inclusive, um excedente alimentar. Assim, surge o que hoje denominamos de cidade. No entanto, é com o advento da Revolução Industrial no século XVIII que a cidade ganha importância fundamental. Dessa forma, a partir do final do século XVIII, observamos que as cidades ganham importância fundamental para o desenvolvimento do capitalismo comercial, a cidade voltou a ser o centro de trocas. Outro impulso fundamental à urbanização foi a volta do poder político às cidades. A cidade capitalista é essencialmente o lócus da produção industrial, concentradora de mão-de-obra, lugar onde se concentram as fábricas com seus equipamentos. Desse modo, para entendermos detalhadamente a cidade é necessário compreender sua organização interna, pois essa organização reflete a organização da própria sociedade.

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