quarta-feira, 19 de setembro de 2018

PENSAMENTO ECOSSISTÊMICO

Sistemas são totalidades integradas, cujas propriedades não podem ser reduzidas às de unidades menores. Todo e qualquer organismo é uma totalidade integrada e, portanto, um sistema vivo. Os mesmos aspectos de totalidade são exibidos por sistemas sociais... e por ecossistemas, que consistem numa variedade de organismos e matéria inanimada em interação mútua. (Fritjof Capra. O ponto de mutação: a ciência, a sociedade e a cultura emergente. São Paulo: Cultrix, 1993, p. 260).


Ecossistema é o nome dado a um conjunto de comunidades que vivem em um determinado local e interagem entre si e com o meio ambiente, constituindo um sistema estável, equilibrado e autossuficiente. 
Um ecossistema é formado por dois componentes básicoso biótico e o abiótico.
O primeiro diz respeito aos seres vivos da comunidade, tais como plantas e animais.

Os componentes abióticos são as partes sem vida do ambiente, como o solo, a atmosfera, a luz e a água. Esses fatores são fundamentais para a manutenção da vida, pois garantem a sobrevivência das espécies, atuando, inclusive, no metabolismo dos seres vivos, como é o caso da água.
A palavra Ecossistema significa “sistema onde se vive”.

Um ecossistema social é um conjunto dinâmico de relações, serviços mútuos e interdependências que maximiza a probabilidade de sobrevivência dos seus integrantes.

Ecossistema é um sistema formado por um meio natural e pela comunidade de organismos animais e vegetais, assim como as inter-relações entre ambos.


Pensamento ecossistêmico é a percepção da realidade, onde se trabalha com a interdependência dos fenômenos físicos, biológicos, psicológicos, culturais, econômicos e político-institucionais. Em vez de se concentrar nos elementos ou substâncias básicas, a abordagem sistêmica enfatiza princípios básicos de organização. O mundo é visto pela concepção sistêmica em termos de relações e interações.

Quanto mais evoluído, isto é, complexo e rico for um sistema, mais aberto ele será. Assim, o homem é o sistema mais aberto de todos, o mais dependente na independência. Entende-se como ecossistema não só a natureza, mas também o ecossistema técnico-social, que se sobrepõe ao primeiro e o torna ainda mais complexo. O ecossistema social, ou ecossistema sociourbano, contempla um sentido mais rico. (Morin. E Sociologia: a sociologia do micro-social ao macroplanetário. Portugal: Publicações Europa-América, 1984, p. 251)

O ecossistema sócio-urbano não é senão a sociedade moderna considerada do ponto de vista ecológico, ou seja, do ponto de vista dos indivíduos, grupos, instituições, e etc, que estão, no interior, em relação de sistema aberto ao ecossistema. Ora, quanto mais evoluída for a sociedade, quer dizer, quanto maiores forem o número, o lugar, o papel dos artefatos, objetos produzidos pela e para a atividade industrial, maior é o caráter “técnico” do ecossistema social.

As características de um ecossistema sócio-urbano estão vinculadas, portanto, à idéia de relações e interações no seio do aglomerado urbano. Assim, além do aspecto meramente populacional, nesse aglomerado interferem também as organizações e as instituições econômicas, políticas, culturais, sociais, os artefatos, as máquinas e produtos múltiplos, os grupos sociais e os indivíduos.

O ecossistema sócio-urbano compreende também elementos e sistemas vivos constitutivos do meio natural: clima, atmosfera, subsolo, microorganismos vegetais e animais; este ecossistema nutre-se energicamente dos alimentos extraídos do ecossistema natural (inclusive carvão, gás, água, derivados de petróleo). A maior parte destes elementos e destes alimentos são-lhe absolutamente vitais.

Os ecossistemas são interdependentes, isto é, eles se afetam mutuamente, porque não existem ecossistemas fechados. Todos os ecossistemas têm entradas (inputs) e saídas (outputs). Para existirem, o seu metabolismo consome entradas vindas de outros sistemas, assim como promovem saídas para outros sistemas. A imagem a seguir mostra algumas entradas e saídas do ecossistema urbano.



Os ecossistemas não são coisas estáticas, eles são entidades dinâmicas compostas de processos deauto-organização. Ecossistemas representam um equilíbrio, um ponto ótimo de operação e este balanceamento está mudando constantemente para se adaptar a um ambiente variável.

Metas de administração que envolvem a manutenção de algum estado fixo em um ecossistema, maximizando alguma função ou minimizando alguma outra função, sempre conduzirá a um desastre em algum ponto. Por exemplo, numa época de crise econômica os governantes costumam maximizar a importância do sistema econômico em detrimento do sistema social. Se isto é elevado a um nível agudo, o sistema social entra em crise, e isto pode ocasionar o colapso de todos os outros sistemas, inclusive o próprio sistema econômico.


Se as atividades humanas mantêm a integridade de auto-organização das entidades que nós chamamos vida, nós estaremos certos. Caso contrário, nós seremos selecionados fora dos sistemas. Nós temos uma escolha simples, ser os cuidadores da integridade ou desfazedores da integridade dos ecossistemas.
Este texto foi extraído e modificado de:



MILIOLI, Geraldo. O pensamento ecossistêmico para uma visão de sociedade e natureza e para o gerenciamento integrado de recursos. Desenvolvimento e Meio Ambiente, n. 15, p. 75-87, jan./jun. 2007. Editora UFPR. 

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