sexta-feira, 20 de setembro de 2019

PENSAMENTO ECOSSISTÊMICO


Sistemas são totalidades integradas, cujas propriedades não podem ser reduzidas às de unidades menores. Todo e qualquer organismo é uma totalidade integrada e, portanto, um sistema vivo.
Os mesmos aspectos de totalidade são exibidos por sistemas sociais... e por ecossistemas, que consistem numa variedade de organismos e matéria inanimada em interação mútua.
(Fritjof Capra. O ponto de mutação: a ciência, a sociedade e a cultura emergente. São Paulo: Cultrix, 1993, p. 260).

Ecossistema é o nome dado a um conjunto de comunidades que vivem em um determinado local e interagem entre si e com o meio ambiente, constituindo um sistema estável, equilibrado e autossuficiente. 
A palavra ecossistema significa “sistema onde se vive”.

Um ecossistema é formado por dois componentes básicos: o biótico e o abiótico.
O sistema biótico refere-se aos seres vivos da comunidade, tais como plantas e animais.
O sistema abiótico são as partes sem vida do ambiente, como o solo, a atmosfera, a luz e a água. Esses fatores são fundamentais para a manutenção da vida, pois garantem a sobrevivência das espécies, atuando, inclusive, no metabolismo dos seres vivos, como é o caso da água.

Um ecossistema social é um conjunto dinâmico de relações, serviços mútuos e interdependências que maximiza a probabilidade de sobrevivência dos seus integrantes.

Pensamento ecossistêmico
É a percepção da realidade, onde se trabalha com a interdependência dos fenômenos físicos, biológicos, psicológicos, culturais, econômicos e político-institucionais.


Em vez de se concentrar nos elementos ou substâncias básicas, a abordagem sistêmica enfatiza princípios básicos de organização. O mundo é visto pela concepção sistêmica em termos de relações e interações.

Todos os sistemas naturais são abertos. Quanto mais evoluído, isto é, complexo e rico for um sistema, mais aberto ele será. Assim, o homem é o sistema mais aberto de todos, o mais dependente na independência.

Entende-se como ecossistema não só a natureza, mas também o ecossistema técnico-social, que se sobrepõe ao primeiro e o torna ainda mais complexo. O ecossistema social, ou ecossistema sociourbano, contempla um sentido mais rico. (MORIN, E Sociologia: a sociologia do micro-social ao macroplanetário. Portugal: Publicações Europa-América, 1984, p. 251)

Ecossistema sociourbano

O ecossistema sociourbano é a sociedade moderna considerada do ponto de vista ecológico, ou seja, do ponto de vista dos indivíduos, grupos, instituições  etc, que estão em relação de sistema aberto ao ecossistema.
Quanto mais evoluída for a sociedade, quer dizer, quanto maiores forem o número, o lugar, o papel dos artefatos, objetos produzidos pela e para a atividade industrial, maior é o caráter “técnico” do ecossistema social.

As características de um ecossistema sociourbano estão vinculadas à ideia de relações e interações no seio do aglomerado urbano. Assim, além do aspecto meramente populacional, nesse aglomerado interferem também as organizações e as instituições econômicas, políticas, culturais, sociais, os artefatos, as máquinas e produtos múltiplos, os grupos sociais e os indivíduos.

O ecossistema sociourbano compreende também elementos e sistemas vivos e não-vivos constitutivos do meio natural: clima, atmosfera, subsolo, microorganismos vegetais e animais; este ecossistema nutre-se energicamente dos alimentos extraídos do ecossistema natural (inclusive carvão, gás, água, derivados de petróleo). A maior parte destes elementos e destes alimentos são-lhe absolutamente vitais.

Características dos ecossistemas

Não são estáticos, eles são dinâmicos, compostas de processos de auto-organização.
Representam um equilíbrio e  seu balanceamento muda constantemente para se adaptar a um ambiente variável.

Metas de administração que envolvem a manutenção de algum estado fixo em um ecossistema, maximizando alguma função ou minimizando alguma outra função, sempre conduzirá a um desastre em algum ponto.

Se as atividades humanas mantiverem a integridade de auto-organização das entidades que nós chamamos vida, nós estaremos certos.
Nós temos uma escolha simples, ser os cuidadores da integridade ou desfazedores da integridade dos ecossistemas.

Este texto foi extraído e modificado de:
MILIOLI, Geraldo. O pensamento ecossistêmico para uma visão de sociedade e natureza e para o gerenciamento integrado de recursos. Desenvolvimento e Meio Ambiente, n. 15, p. 75-87, jan./jun. 2007. Editora UFPR.


2 comentários:

  1. Parabéns e obrigado pela didática e pela clareza desse texto. Como a educação do nosso País seria bem melhor se contassemos com o apoio, necessário e indispensável à oferta de uma prática docente ecossistêmica juntos @s acadêmic@s de nossas IES's, públicas, espalhadas nas diferente regiões brasileiras. Uma vez mais, obrigado.

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    1. Sou eu quem agradece, professor, pelo gentil comentário. Sem dúvida, o mundo vai aos poucos evoluindo, à custa de muito sofrimento, para o pensamento ecossistêmico. Grande abraço.

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