Exceto raríssimas exceções, as cidades
brasileiras expõem uma série de fatores degradantes do ambiente urbano, tais
como: sujeira; trânsito caótico; concentração populacional demasiada;
construções desordenadas; diversos tipos de poluição em todas as suas
dimensões; ausência de elementos naturais como solo permeável, água e
vegetação.
Entretanto,
“A cidade deve constituir uma
estrutura de amparo à vida, levando em conta suas várias dimensões –
habitação, comércio, serviços, transporte, lazer e trabalho.
A arquitetura, modificadora do espaço
e da paisagem, deve atender social e esteticamente as necessidades
humanas (Paulo Mendes da Rocha).
A função social consiste na prevalência
do interesse público em relação ao interesse privado na prática de uma
atividade. A arte, a ciência ou a arquitetura estarão cumprindo sua função
social quando sua prática gerar resultados que contribuam para a construção do
bem comum.” (Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo e Geografia da
Universidade Federal do Mato Grosso do Sul)
“Os Arquitetos e Urbanistas exercem
papel importante na formação das cidades e espaços construídos com
acessibilidade, beleza, sustentabilidade, economia, segurança e conforto.
Neste processo de ordenamento de
espaços úteis aos cidadãos, os arquitetos passam a assumir um papel muito
importante, pois é preciso esclarecer que a Arquitetura serve às pessoas desde
o berço ao túmulo, já que elas nascem em maternidades, moram em casas, estudam
em escolas, se divertem em boates, frequentam restaurantes, veem peças no
teatro, torcem nos estádios e assim, graças à Arquitetura, sempre têm os
cenários corretos para as várias fases de suas vidas.” (Sindicato dos
Arquitetos e Urbanistas do Paraná)
A função
social da Arquitetura e do Urbanismo tem como princípio o conceito de sustentabilidade
como preocupação com o legado ambiental a ser transmitido às futuras gerações, entendido
como conjunto de ações que considerem a finitude dos recursos naturais ao mesmo
tempo em que garanta o acesso às condições mínimas de vida para todas as
pessoas de forma a viabilizar efetivamente a conquista da sustentabilidade.
“Portanto há indissociabilidade entre
o que é social e o que é ambiental.
A função social afeta diretamente a
arquitetura e o urbanismo justamente por ser o campo e a prática que trabalha
mais diretamente o ambiente e o social, requerendo que o referido princípio
seja pensado como indissociável à arquitetura e urbanismo e aplicado em todas
suas ações.” (Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas do Paraná)
Existem várias questões que devem
ser levadas em conta sobre projeto arquitetônico ou urbanístico, para o
cumprimento da função social da arquitetura e urbanismo:
• Que
papel terá um conjunto arquitetônico para a atividade prevista em relação ao
contexto do local?
• Sob
o aspecto do interesse público e de uma vivência pública do espaço, que transformações-modificações
devem ocorrer a partir dessa intervenção?
• Que
características urbanas e urbanísticas existentes devem ser privilegiadas para
potencializar a relação do novo conjunto arquitetônico com o local escolhido?
• Deveriam
ser feitas modificações nas leis e normas vigentes para melhorar o atendimento
do interesse público no espaço?
• O
projeto estimula atividades de convívio e interação? Essas atividades internas
podem se relacionar com o espaço público?
• Qual
o papel da intervenção arquitetônica na revitalização ou requalificação do
local?
• Considerando-se
o conceito de sustentabilidade como de interesse público, como a intervenção
contribuirá na indissociabilidade entre o
• A
Arquitetura não carece de grandes orçamentos ou tecnologias avançadas para
servir ao ser humano, mas de criatividade, que possibilite fazer muito
com pouco.
• Para
a parcela com mais baixa renda da população, os arquitetos dispõem de
todas as condições para criar moradias de qualidade.
Relativamente à posição que
arquitetos e urbanistas ocupam na sociedade e, especificamente, o seu espaço de
exercício profissional, os sindicatos da classe têm alertado sobre o
distanciamento da maioria dos profissionais dos centros de discussão e de
decisão em planejamento urbano. A pouca de participação de arquitetos e
urbanistas, o seu encolhimento, leva à perda de espaço para outros
profissionais mais atuantes, como engenheiros, por exemplo.
Eis aqui, algumas questões
levantadas pelo arquiteto Ângelo Marcos Arruda, que podem servir de reflexão
aos estudantes de arquitetura e urbanismo:
• O
que está acontecendo de novo que o arquiteto tem que correr atrás de tantas e
de novas informações?
• O
que diferencia o Planejamento Ambiental do nosso Planejamento Urbano?
• Por
que na composição das equipes técnicas para trabalhos de planejamento
ambiental, um biólogo, zootecnista ou ecólogo tem, às vezes, mais importância,
no conjunto, que os arquitetos e urbanistas?
• Quais
os motivos que estão levando a sociedade a se preocupar tanto com as questões
ambientais?
• Será
que os arquitetos não estão preparados para essa nova onda global?
Para Ângelo Marcos, é necessário
apropriar-se de uma linguagem nova na Arquitetura e no Urbanismo. O
desconhecimento dela isola o arquiteto e urbanista dos demais profissionais e,
também, do mercado de trabalho.
Essa é a nova linguagem que os
arquitetos estão tendo que apreender para atuar no mais novo mercado de trabalho
brasileiro e mundial, o do Planejamento Ambiental: desenvolvimento
sustentável; plano de gestão ambiental; conservação de recursos naturais; ética
ecológica; proteção dos recursos naturais; meio antrópico; ambiente natural; cenários
ambientais; ecologia urbana; fontes renováveis; biomassa; licenciamento
ambiental; EIA /RIMA.
A arquitetura e a questão
ambiental
A reversão da alarmante crise
ambiental contemporânea depende de reavaliar o papel da cidade e a
participação de cada cidadão como polo decisivo na educação ambiental e
na transformação de comportamentos.
Construções sustentáveis garantem
o retorno financeiro do investimento em médio prazo e a economia dos custos
operacionais do empreendimento.
Um dos desafios da arquitetura
contemporânea é o de se valer dos conceitos de arquitetura sustentável e de “casa
ecológica” adaptados ao ambiente urbano e às condições locais de
disponibilidade de materiais e mão-de-obra.
Já é possível construir no Brasil
casas e edifícios “ecológicos” com projetos personalizados, valendo-se de sistemas
e materiais alternativos disponíveis no mercado da construção civil.
Não se trata de alta tecnologia,
sofisticada e cara, mas sim de soluções técnicas simples e acessíveis
articuladas em projetos de arquitetura que têm como premissa conceitos de
ecologia urbana e de planejamento ambiental.
Contribuição da arquitetura
sustentável
A construção civil é o setor que
gera o maior impacto ambiental na zona urbana e, em consequência, o que mais
prejudica a sustentabilidade ambiental. Princípios de sustentabilidade
aplicados à arquitetura e urbanismo reduziriam drasticamente o esgotamento de
recursos não renováveis, a produção de resíduos e os custos das obras, além de
melhorarem as condições dos trabalhadores na construção civil e a qualidade do
meio ambiente urbanístico.
Veja-se, no quadro abaixo, as
reduções possíveis, com as tecnologias atuais, de se obter com a aplicação da
arquitetura sustentável.
“A arquitetura residencial projetada
com princípios ecológicos também significa economia para a municipalidade,
porque é possível reduzir o volume de esgoto despejado no sistema coletivo em
pelo menos 50%, e contribuir com até 80%
da área do terreno em área verde para a cidade, considerando soluções
paisagísticas como tetos-jardim.” (ROZESTRATEN)
“Convém ressaltar a importante tarefa
de consulta pública à comunidade local que o pesquisador e o planejador devem assumir
ao executar um trabalho, pesquisa ou empreendimento que carreguem no seu bojo
uma preocupação com a qualidade ambiental. (GOMES, Marcos A. e SOARES,
Beatriz R.)”
Assista o video
Habitar/Habitat: Casa Sustentável: https://www.youtube.com/watch?v=szpc6_t-CZo
Material extraído e modificado de:
ARRUDA, A.
Marcos. O arquiteto e o planejamento ambiental e os riscos da falta de
discussão. Obtido em http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/02.015/860.
Faculdade de
Engenharias, Arquitetura e Urbanismo e Geografia da Universidade Federal do
Mato Grosso do Sul. http://faeng.sites.ufms.br/graduacao/bacharelado/arquitetura-e-urbanismo/conceituacao-a-funcao-social-da-profissao-e-da-arquitetura-e-urbanismo/
GOMES,
Marcos A. e SOARES, Beatriz R; Reflexões sobre qualidade ambiental urbana.
Estudos Geográficos, Rio Claro, 2(2): 21-30 , jul-dez, 2004. http://www.cchla.ufrn.br/geoesp/arquivos/artigos/ArtigoAmbienteQualidadeAmbientalUrbana.pdf
ROZESTRATEN,
Artur. A arquitetura e a questão ambiental nas cidades. http://ambientes.ambientebrasil.com.br/urbano/artigos_urbano/a_arquitetura_e_a_questao_ambiental_nas_cidades.html.
Sindicato
dos Arquitetos e Urbanistas do Estado do Paraná. http://www.sindarqpr.org.br/a-funcao-social-do-arquiteto-e-do-urbanista/
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