quinta-feira, 23 de maio de 2019

AS REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS


Revolução industrial é o nome dado às inúmeras transformações ocorridas na Inglaterra, a partir de 1750, após a invenção das máquinas, que aceleraram o processo de produção. Essas transformações não ficaram limitadas ao processo produtivo, mas alcançaram também o transporte, a comunicação, a sociedade, a paisagem urbana, o campo ideológico etc. Esta é a definição clássica de Revolução Industrial; porém, todos os estudiosos do assunto reconhecem que é uma definição limitada, porque, ao longo do processo histórico, não ocorreu uma revolução. Pode-se reconhecer pelo menos três fases ou três revoluções, e há também aqueles que identificam uma quarta fase, que alguns chamam de pós-industrial.
A Revolução Industrial nos dá a sensação de aceleração de tempo, diminuição das distâncias e encolhimento do mundo: tudo tinha de ser mais rápido e eficiente – a produção, o transporte, a comunicação. Isso ocorreu com o surgimento do barco a vapor, o trem a vapor, o telégrafo e, mais tarde, o telefone.
A Primeira Revolução Industrial teve como berço a Inglaterra, em torno de 1750, porque ali existiram as condições de seu surgimento: 1) hegemonia nos mares, em que o controle do comércio marítimo enriqueceu a Inglaterra; 2) acumulação de recursos, entre os séculos XVI e XVIII, que eram aplicados em máquinas, fábricas e tecnologia; 3) forte atividade bancária, que propiciava crédito aos investidores; 4) disponibilidade de mão de obra, relacionada à prática do cercamento, quando muitos camponeses perderam suas terras e migraram para as cidades; 5) acesso a matérias primas e fontes de energia (a Inglaterra tinha imensas reservas de carvão mineral) e 6) inovações tecnológicas.
As inovações tecnológicas são o motor das revoluções industriais. A mais importante inovação tecnológica talvez tenha sido a máquina a vapor, que acelerou não apenas o processo de produção, mas também o transporte de carga e a circulação de pessoas.
A sociedade se molda e se adapta às transformações. Surgiram novos atores sociais: os capitalistas, donos dos meios de produção, e os operários (proletariado) donos da força de trabalho, assalariados.
Devido à brutal exploração do operariado por parte dos capitalistas surgiram vários movimentos sociais, que marcaram a história da humanidade. No período da Primeira Revolução Industrial, na Inglaterra eclodiram os movimentos ludista, de trabalhadores na indústria que protestavam contra a substituição da mão-de-obra humana por máquinas, destruindo-as como forma de protesto e o cartismo, movimento de trabalhadores ingleses que lutou pela inclusão política da classe operária, representada pela Associação Geral dos Operários de Londres. Dele resultou a Carta do Povo, redigida em 1838, que continha o programa do movimento, fazendo reivindicações políticas e trabalhistas, e que foi entregue ao Parlamento.
A Segunda Revolução Industrial ocorreu no final do Século XIX, a partir de 1860, configurada pelo surgimento de novas tecnologias e pelo fato de a industrialização alcançar diferentes países, como Alemanha, França, EUA e Japão. O carvão, base da energia da máquina a vapor, veio a ser substituído pela energia elétrica. Nos EUA surgiu o modelo fordista de produção industrial, caracterizado pela produção em série e em larga escala. Outras características do modelo fordista são o trabalho repetitivo, a forte divisão do trabalho e a padronização do produto.
A Terceira Revolução Industrial iniciou-se após a Segunda Guerra Mundial com a junção entre conhecimento científico e produção industrial. O processo industrial pautado no conhecimento e na pesquisa caracteriza a chamada Terceira Revolução Industrial. Nessa etapa ou fase produtiva, todos os conhecimentos gerados em pesquisas são repassados quase que simultaneamente para o desenvolvimento industrial.
A Terceira Revolução Industrial permitiu o desenvolvimento de atividades na indústria que aplicam tecnologias de ponta em todas as etapas produtivas. A produção de tecnologias é um ramo que apresenta como um dos mais promissores no âmbito global. É a revolução técnico-científica, sofisticada, fina, exemplificada pela microinformática, mecatrônica, telecomunicações, biotecnologia, nanotecnologia etc. A energia atômica, a energia eólica, a energia solar, a energia química e outras foram incorporadas como fontes alternativas para a produção de energia elétrica. 

No contexto da Terceira Revolução Industrial, surgiu no Japão um novo modelo de produção industrial, denominado toyotismo. Enquanto o fordismo se assenta na produção em série, o toyotismo se assenta na produção flexível, conforme a demanda e a necessidade do mercado.
Essa nova fase produtiva não se limita a produtos de pouco valor agregado, como nas revoluções industriais anteriores, pelo contrário, o conhecimento inserido, no qual foram gastos anos de estudos e pesquisas, agregam elevados valores no produto final, mesmo que tenha sido gasta pouca quantidade de matéria-prima.
As atividades que mais se destacam no mercado estão vinculadas à produção de computadores, softwares, microeletrônica, chips, transistores, circuitos eletrônicos, robótica, telecomunicações, informática em geral. Destacam-se ainda a expansão de transmissores de rádio e televisão, telefonia fixa, móvel e internet, indústria aeroespacial, biotecnologia e muitas outras inovações.


As transformações que atualmente ocorrem nos países mais avançados tecnologicamente são de tal vulto que há aqueles que defendem a ideia de que vivemos (?) na era ou sociedade pós-industrial, um novo mundo, onde o trabalho físico é feito pelas máquinas e o mental, pelos computadores. Nela cabe ao homem uma tarefa para a qual é insubstituível: ser criativo, ter ideias. Seria uma Quarta Revolução Industrial? Ou uma Revolução do Conhecimento?
Tais sociedades são frequentemente marcadas por:
Um rápido crescimento do setor de serviços, em oposição ao manufaturado.
Um rápido aumento da tecnologia de informação, frequentemente levando ao termo "era da informação".
Conhecimento e criatividade tornam-se as matérias cruciais de tais economias, inseridas em um forte processo de globalização.

É importante, porém, verificarmos que, em termos de Revolução Industrial, esse fenômeno é definido pelas economias e sociedades mais avançadas. Ainda hoje, existem sociedades que nem mesmo entraram na primeira fase, enquanto que outras já ultrapassaram a última fase. Portanto, uma análise mais acurada mostra enormes disparidades, onde o avanço socioeconômico corresponde aos países dominantes e o atraso é característica dos países dominados.

QUESTÃO: Considerando as características de cada fase da Revolução Industrial, em que fase estaria o Brasil?

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