A economia e a questão ambiental são interdependentes.
Encontrar o justo equilíbrio entre a economia e o meio ambiente é a principal questão
em debate no mundo atual.
Marcia McNutty, editora-chefe da revista americana Science, resumiu assim a situação:
“enfrentamos
uma ameaça global de longo prazo, que está aumentando lentamente, mas
duradoura, para o fornecimento de alimentos, saúde, serviços ecossistêmicos e a
viabilidade geral do planeta para sustentar uma população de mais de 7 bilhões
de pessoas ... O tempo para o debate terminou. A ação é urgentemente necessária.”
(McNUTTY, 2015, p. 7).
Crescimento econômico e
sustentabilidade
O crescimento econômico brasileiro baseia-se na
exploração predatória dos recursos naturais, economia voltada para o mercado externo
e concentração de renda.
Consequências do modelo de crescimento econômico:
•
uso
insustentável de recursos não renováveis,
•
destruição
da diversidade biológica e
•
emissão
de gases de efeito estufa.
O processo de globalização renova disparidades e cria novas
desigualdades, submetendo o País à condição de exportador de commodities e
mercado aberto aos bens de industrializados e de alta tecnologia os países mais
avançados.
[...] “a globalização beneficia apenas uma parcela
limitada de atores, enquanto causa transtornos e danos à maioria das empresas e
das pessoas.” (Milton Santos)
Aprofundam-se os problemas ecológicos, econômicos e
sociais que exigem repensar o desenvolvimento à luz dos limites impostos pela
própria natureza. Está cada vez mais difícil conciliar crescimento
econômico, bem-estar social e sustentabilidade ambiental.
As grandes dúvidas que surgem com relação ao progresso
humano recente podem ser resumidas em dois tipos:
• A humanidade vai conseguir continuar nessa mesma trilha de progresso indefinidamente?
•
Este
progresso poderá ser estendido para toda a população mundial?
O crescimento econômico
Antes da Revolução Industrial e Energética, ocorrida no
final do século 18, o crescimento econômico e demográfico do mundo era lento. Porém, entre 1900 e 2000, o PIB global cresceu 18,6
vezes, a população ampliou-se em 3,9 vezes e a renda per capita mundial
aumentou 4,8 vezes.
As maiores taxas de crescimento ocorreram entre 1950 e
1973, período que corresponde à recuperação pós-Segunda Guerra Mundial e pré-crise
do petróleo.
O crescimento econômico tem sido a base das melhorias
materiais obtidas pela humanidade desde a Revolução Industrial. Por outro lado, esse modelo exige um aumento constante da
produção, o qual é alimentado pela cultura de consumo, cujos valores já são
profundamente arraigados e dificilmente serão alterados.
Freio ao crescimento
econômico
Desde 2013, o termo “estagnação secular” entrou em
evidência, significando que a economia mundial deve entrar em um longo período
de baixo crescimento econômico.
O baixo desempenho dos países desenvolvidos contamina as
economias dos países emergentes (em desenvolvimento).Os países em desenvolvimento estão enfrentando uma
difícil transição, com os custos de empréstimos mais elevados e preços mais
baixos para o petróleo e outras commodities.
De acordo com o FMI (2015), o endividamento das empresas
dos países de mercados emergentes passou de US$ 4 para US$ 18 trilhões entre
2004 e 2014. Na comparação com o Produto Interno Bruto (PIB), a fatia da dívida
subiu 26 pontos percentuais.
Limitações ao
crescimento econômico brasileiro
•
Esgotamento
da base ecológica.
•
Diminuição
da População Economicamente Ativa (PEA).
•
Envelhecimento
populacional.
•
Diminuição
do crescimento demográfico.
•
Aumento
no longo prazo do preço da energia e dos alimentos.
•
Crescentes
problemas ambientais.
•
Crescente
processo de endividamento que dificulta manter a capacidade de investimento e
inovação do progresso técnico.
•
Os
postulados essenciais da política econômica e até mesmo da política social são
importados como um pacote fechado; há desinteresse pela questão nacional; são
fracas as manifestações de cidadania.
Dois pontos de vista sobre a crise do capitalismo
(sociedade de consumo):
- O consumo e o aumento
constante de produção são viáveis, porque a tecnologia e a inventividade
humana podem superar os limites da natureza e o desenvolvimento pode
manter taxas de crescimento por um longo prazo.
- O mundo deverá repensar seu
modelo de civilização baseado no consumo e no aumento constante da
produção.
Desigualdades Sociais no
Brasil
O diagnóstico básico referente à estrutura da pobreza é o
de que o Brasil não é um país pobre, mas um país extremamente injusto
e desigual, com muitos pobres. A desigualdade encontra-se na origem da pobreza e
combatê-la torna-se um imperativo. Um projeto de sociedade desenvolvida e
harmônica deve combinar democracia com eficiência econômica e justiça social.
O Brasil tem farta disponibilidade de recursos para combater
a pobreza. A sociedade brasileira não enfrenta problemas de escassez, absoluta
ou relativa, de recursos para erradicar o seu atual nível de pobreza.
A desigualdade no Brasil surpreende tanto por sua
intensidade como por sua estabilidade, pois se mantém inerte, resistindo às
mudanças estruturais e conjunturais das últimas décadas. Elas atravessaram o
regime militar, governos democraticamente eleitos e incontáveis laboratórios de
política econômica, além de diversas crises políticas, econômicas e internacionais.
Vias de redução da
pobreza
Para reduzir a desigualdade e erradicar a pobreza, as
políticas socioeconômicas têm reforçado a via única do crescimento econômico,
sem gerar resultados satisfatórios.
É importante estimular políticas de crescimento para
alimentar a dinâmica econômica e social do país, distribuir as riquezas com
vistas à equidade, mas sem dilapidar os recursos ambientais.
Portanto, deve haver combinação entre políticas de
crescimento econômico, políticas de
redução da desigualdade e de proteção ao meio ambiente.
O crescimento econômico, evidentemente, representa
uma via importante, apesar de lenta, para combater a pobreza. Um crescimento de
3% ao ano na renda per capita, por exemplo, tende a reduzir a pobreza em
aproximadamente um ponto percentual a cada dois anos. Ou ainda, um crescimento
contínuo e sustentado de 3% ao ano na renda per capita levaria, no
Brasil, mais de 25 anos para reduzir a proporção de pobres abaixo de 15%.
Assim, embora conduza a uma redução da pobreza, a via do
crescimento econômico necessita um longo período para produzir uma
transformação relevante na magnitude da pobreza. O que se tem observado entre
os países em desenvolvimento é que a pobreza reage com maior sensibilidade aos
esforços de aumento da equidade do que aos de aumento do crescimento
econômico.
Texto
extraído e modificado de:
MARTINE, G. e
ALVES, J.E.D. Economia, sociedade e meio ambiente no século 21. R. bras.
Est. Pop., Rio de Janeiro, v.32, n.3, p.433-460, set./dez. 2015.
SANTOS,
Milton. O Brasil da Globalização. Obtido em:
http://pessoal.educacional.com.br/up/4770001/1306260/t1311.asp.
BARROS, R.;
HENRIQUES, R. e MENDONÇA, R. Desigualdade e pobreza no Brasil: retrato de uma
estabilidade inaceitável. Revista Brasileira de Ciências Sociais - v.15,
n.42, fev/2000.
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